Nas últimas semanas, estatal informou aos seus principais fornecedores a suspensão de uma série de trabalhos programados, inclusive nas plataformas do pré-sal — Foto: Fabio Guimaraes/Agência O Globo
Em meio ao choque de preços do petróleo e à pandemia da covid-19, a Petrobras decidiu cortar boa parte dos serviços de manutenção de suas plataformas, nas últimas semanas. A estatal informou aos seus principais fornecedores a suspensão de uma série de trabalhos programados, inclusive nas unidades do pré-sal.
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Segundo uma fonte da indústria de bens e serviços, a medida afetará em cheio o faturamento de empresas especializadas na área, como a Actemium (da Vinci Energies Brasil), Cobra, CSE/Aker, Estrutural, Imetame e MotaEngil, e deve desencadear em milhares de demissões de terceirizados, sobretudo na região de Macaé (RJ), município que abriga a base de apoio às operações da Bacia de Campos.
Junto com a redução das atividades de manutenção, a companhia também desmobilizou as embarcações de apoio envolvidas no serviço, as chamadas Unidades de Manutenção e Segurança (UMS). A medida atende a dois objetivos imediatos da empresa: reduzir o fluxo de trabalhadores nas plataformas, para conter a disseminação do novo coronavírus nas embarcações; e economizar o que for possível, para preservar o seu caixa. A meta da Petrobras é cortar em 10% os seus custos totais em 2020.
A Petrobras esclarece que não houve cancelamento ou suspensão dos contratos de manutenção, mas que a companhia reduziu a quantidade de atividades a bordo das plataformas visando a “reduzir ao máximo possível o risco de exposição das pessoas à covid-19, garantindo sempre condições de segurança e integridade e o cumprimento das orientações emanadas pelos órgãos reguladores”.
A medida afeta, sobretudo, as plataformas das bacias de Campos, Santos e Espírito Santo. Segundo a fonte, a redução das atividades de manutenção representa um corte imediato no faturamento das fornecedoras, uma vez que elas são remuneradas pelos serviços efetivamente prestados. A redução do efetivo, em alguns casos, relata a fonte, chega a 70%. Para uma das empresas afetadas, o faturamento mensal caiu para cerca de um terço dos patamares anteriores à crise.
Segundo o coordenador do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF), Tezeu Bezerra, as demissões em Macaé já começaram. Ele lembra que a redução das atividades de manutenção se segue à hibernação (desativação) das plataformas em águas rasas, o que tem contraído o mercado de trabalho na indústria de bens e serviços da região. Bezerra conta que os desligamentos vêm ocorrendo desde março, de empresas como a Elfe e CSE. O sindicalista acredita que cerca de 6 mil terceirizados podem perder o emprego em Macaé, em meio à atua crise.
Para Leonardo Dias, diretor do Parque Industrial Bellavista, espécie de condomínio industrial de Macaé, o impacto da atual crise na indústria petrolífera local é “muito grande”. Segundo o executivo, o setor preparava-se para a retomada e foi pego de surpresa pelo choque de preços. “Tinha muita gente interessada em aumentar investimentos, mas acredito que a crise atrasa um pouco mais a retomada”, afirma.
Dias conta que o Bellavista chegou a iniciar conversas com empresas interessadas em se instalar em Macaé, mas que as negociações pararam.
Fonte: Valor