A Petrobras vai reduzir seus investimentos nos próximos cinco anos. O novo Plano Estratégico 2020-2024 prevê investimento de US$ 75,7 bilhões, 10% a menos que o anterior (2019-2023), que previa US$ 84,1 bilhões, informou a empresa em nota nesta quinta-fera.
O mercado reagiu mal ao plano. Por volta das 10h30m, as ações preferenciais da Petrobras caíam 0,89%, a US$ 29,07 reais, entre os destaques negativos do Ibovespa, que oscilava ao redor da estabilidade. As ações ordinárias da companhia recuavam 0,7%.
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Dos US$ 75,7 bilhões previstos, 85% serão destinados ao segmento de exploração e produção de petróleo. O plano foi aprovado pelo Conselho de Administração da empresa na noite de quarta-feira. Durante a reunião do Conselho chegou a ser discutida uma cifra maior, que poderia chegar a US$ 90 bilhões, como publicado no site do GLOBO.
No entanto, prevaleceu a proposta de reduzir investimentos em busca de uma redução maior do endividamento da estatal.
“Essa alocação está aderente ao nosso posicionamento estratégico, com foco nos ativos de E&P, especialmente no pré-sal, nos quais a Petrobras tem vantagem competitiva e que geram mais retorno para os investimentos".
A redução nos investimentos ocorre em meio a um grande programa de vendas de ativos, que deverá envolver cerca de metade do parque de refino, entre outras unidades, com a empresa focando na exploração do pré-sal.
Os desinvestimentos previstos no plano deverão variar entre US$ 20 bilhões a US$ 30 bilhões para o período 2020-2024, tendo a maior concentração nos anos de 2020 e 2021.
A empresa tem a meta de reduzir em cerca de metade a capacidade de seu parque de refino, para 1,1 milhão de barris ao dia, concentrando-se no Sudeste, principal polo consumidor do país.
A projeção é de que a venda das refinarias alcance vários bilhões de dólares.
Com a força do pré-sal, a Petrobras prevê produção total de óleo e gás em 3,5 milhões de barris de óleo equivalente ao dia em 2024, ante 2,7 milhões boed projetados para 2020.
Para a meta de produção de 2020, a empresa disse que considera uma variação de 2,5% para mais ou para menos.
A companhia ressaltou ainda que decidiu apresentar uma visão de produção comercial, a fim de representar o impacto econômico da produção nos resultados da companhia, deduzindo da sua produção de gás natural os volumes de gás reinjetados nos reservatórios, consumidos em instalações do E&P e queimados nos processos produtivos.
A produção comercial de petróleo e gás, dessa forma, foi estimada em 3,2 milhões de barris de óleo equivalente ao dia em 2024, ante 2,4 milhões de barris em 2020.
"No longo prazo, a trajetória de crescimento é suportada pelos novos sistemas de produção -majoritariamente no pré-sal, com maior rentabilidade e geração de valor- e pela estabilização da produção na Bacia de Campos", completou.
Para o Credit Suisse, o programa desaponta no curto prazo, mas traz uma perspectiva positiva para o longo prazo.
O analista Regis Cardoso afirmou que a estimativa de produção de petróleo para 2020, de 2,2 milhões de barris/dia, veio abaixo de sua previsão, que era de 2,4 milhões de barris/dia.
Contudo, os 2,9 milhões de barris esperados para 2024 (também sem incluir gás) estão acima dos 2,4 milhões projetados pela instituição. O investimento veio em linha com o estimado, disse o analista em relatório distribuído a clientes.
Segundo a estatal, a curva de produção não contempla desinvestimentos, com exceção do volume de campos na Nigéria e de Tartaruga Verde, cujas transações já foram assinadas e os fechamentos estão próximos de ocorrer.
Fonte: O Globo