Além das gigantes mundiais do petróleo como Exxon, Shell, Total e Saudi Aranco , bancos, fundos de investimentos e tradings (empresas que atuam no comércio internacional de commodities ), também movimentam as peças no jogo para a compra das oito refinarias que a Petrobras colocou à venda.
De acordo com fontes, quase duas dezenas de empresas assinaram o termo de confidencialidade com a estatal para ter acesso aos dados das refinarias e estudar os negócios. A primeira rodada de ofertas por quatro das oito unidades deve acontecer em outubro.
Três grandes petroleiras de capital chinês também estão no páreo: PetroChina, Sinopec/Repsol e CNPC, que deve definir este mês se vai avançar com a Petrobras em um projeto para construir uma refinaria no Comperj , em Itaboraí (RJ). As duas primeiras já atuam em consórcios com a Petrobras na exploração de petróleo no Brasil. Entra as traders, fontes citam o interesse de Trafigura e Glencore.
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Entre as empresas brasileiras, um dos grupos interessados é a Cosan , que atua nas áreas de energia e logística, e controla a Raízen , que opera os postos da Shell no Brasil. No ano passado, a Raízen adquiriu os ativos de refino e distribuição de combustíveis da Shell na Argentina.
A venda das oito refinarias da Petrobras, que somam capacidade total de processamento de 1,1 milhão de barris de petróleo por dia, é considerada fundamental para o fim do monopólio de fato exercido pela Petrobras no mercado de combustíveis. O mercado estima que o negócio poderá render à estatal uma receita da ordem de US$ 20 bilhões.
Para Felipe Perez, diretor de Downstream da consultoria internacional IHS Markit, apesar de posicionadas na disputa pelas refinarias da Petrobras, as gigantes mundiais petrolíferas podem não se mostrar interessadas nos ativos porque, neste momento, estão estrategicamente reduzindo seus projetos de refino no mundo para investir em atividades mais lucrativas.
É isso também o que motiva a Petrobras a vender parte de seu parque de refino. Nesse contexto, o executivo acredita que bancos e fundos de investimento poderão surpreender na reta final da concorrência pelas refinarias, inclusive formando consórcios:
— É possível que existam interessados que não sejam os mais típicos, como as produtoras de petróleo que têm refino, ou empresas de trading e companhias nacionais ligadas ao mercado de combustíveis. Bancos e fundos de investimento nacionais e internacionais poderão entrar na briga e criar novas empresas
Para uma fonte do setor que prefere não se identificar, cerca de cinco pretendentes devem chegar ao final do processo:
— Na fase não-vinculante (primeira rodada de ofertas) sempre há empresas que não têm interesse genuíno nos ativos oferecidos, mas estão buscando alguma informação do mercado. Por isso acredito que, até o final, só umas cinco permanecerão no certame.
Fonte: O Globo