O preço do barril de petróleo WTI a ser entregue em maio era negociado a US$ 3,9 perto de meio-dia, após ser transacionado a -US$ 4,00 por barril ao longo desta manhã, com pequenos volumes de negociação antes do vencimento do contrato no fim do dia. O contrato caiu para -US$ 37,63 (ou -300%) na segunda-feira, um nível que efetivamente significa que os vendedores devem pagar aos compradores para tirar os barris das mãos.
Refinarias, instalações de armazenamento, oleodutos e navios-tanque estão quase na capacidade total de estocagem, uma vez que os produtores de petróleo não conseguiram diminuir a produção com rapidez suficiente.
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O contrato do petróleo WTI a ser entregue em junho cediam cerca de 24%, para US$ 15,39 por barril na terça-feira. Os preços são de cerca de US$ 30 para contratos que terminam em dezembro, sugerindo que os investidores esperam que a demanda por petróleo se recupere até lá. O contrato do Brent para junho era negociado na casa de US$ 20, com queda de 18%.
“A indústria do petróleo tem um enorme desafio. Há muita oferta e uma antecipação de que o armazenamento atingirá a capacidade”, disse Justin Onuekwusi, chefe de fundos de varejo de vários conjuntos da Legal & General Investment Management. “O que está claro é que você verá uma maior volatilidade no preço daqui para frente”.
Após as movimentações do mercado de segunda-feira, a Arábia Saudita e outros membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo estão considerando cortar sua produção de petróleo o mais rápido possível, informou o “Wall Street Journal”. Sob o recente acordo de produção do grupo com os Estados Unidos e a Rússia, os cortes estavam programados para começar no próximo mês.
Apenas nestes dois dias da semana, o WTI recua 36,6% e o Brent cede 35,95%. No acumulado do ano, o WTI perde 73,22% e o Brent cai 67,37%.
“Quando o petróleo se transforma em um ativo de rendimento negativo, é um sinal de que o desequilíbrio entre oferta e demanda atingiu um tamanho tão grande que os produtores estão perdendo dinheiro para tirar a commoditiy de sua contabilidade. Além disso, os especuladores estão jogando para ver quem acaba mantendo esses contratos no final”, disse Marios Hadjikyriacos, analista de investimentos da XM.
Os investidores estão preocupados com o preenchimento total da capacidade de armazenamento, a demanda dizimada e os cortes na produção que simplesmente não podem acontecer em breve. “Acho que ontem assustou todo mundo - isso é um tremendo choque. todos sabíamos que o mercado estaria com excesso de oferta no trimestre atual”, diz Tamas Varga, analista da PVM Oil Associates.
Segundo ele, nesta semana, a capacidade de armazenamento nos Estados Unidos pode bater no teto, referindo-se às principais instalações de armazenamento de Oklahoma. Os estoques na área poderão atingir seu limite operacional nas próximas semanas. “O que estamos vendo agora é uma confirmação de como os mercado dos EUA estão quebrados”, conclui o analista.
Fonte: Valor