A PetroRio anunciou, ontem, a compra do campo de petróleo de Tubarão Martelo, na Bacia de Campos, e do FPSO (plataforma flutuante) que opera na área. A empresa pagará US$ 140 milhões à OSX 3 Leasing B.V., pela embarcação, e assumiu os custos operacionais e compromissos de investimentos junto à Dommo Energia (ex- OGX), pela compra de 80% da concessão de Tubarão Martelo.
O presidente da PetroRio, Nelson Queiroz Tanure, disse que, com a nova aquisição (a terceira da empresa desde 2017), a petroleira vai mais que quadruplicar as suas reservas, de 12 milhões para 52 milhões de barris. Já a produção vai aumentar de 30 mil barris/dia para cerca de 40 mil barris diários.
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A expectativa é que os novos ativos tragam também economias. A ideia é interligar os campos de Tubarão Martelo e Polvo, operado pela companhia desde 2013, e produzir as duas concessões por meio do FPSO adquirido. Com isso, a PetroRio vai dispensar a plataforma de Polvo, da BW Offshore, ao fim do contrato de afretamento da unidade, em meados de 2021.
Tubarão Martelo e Polvo estão cerca de dez quilômetros distantes uma da outra. Juntas, elas podem produzir cerca de 20 mil barris/dia a partir de 2021. O FPSO OSX 3, um dos primeiros projetos da OSX (braço naval do antigo Império X, de Eike Batista) tem capacidade para 100 mil barris diários.
“A nossa ideia é criar um polo de produção na região, um cluster de produção. Esse é um conceito comum em mercados como Golfo do México e Mar do Norte. Temos estudado experiências fora do Brasil e queremos criar um polo privado aqui”, disse o executivo.
O Valor apurou com fontes do mercado que a liberação do FPSO de Polvo pode representar uma economia de US$ 40 milhões a US$ 50 milhões ao ano à PetroRio. A empresa estima que os custos operacionais somados de Polvo e Tubarão Martelo, atualmente em mais de US$ 200 milhões/ano, podem cair US$ 70 milhões/ano, depois de implementadas sinergias logística e operacional dos dois ativos. Os custos de produção do novo polo são estimados pela PetroRio em US$ 15 por barril.
A empresa recorreu a recursos próprios e a um financiamento da Prisma Capital, no valor de US$ 100 milhões, para a aquisição do FPSO. Tanure garante que a operação foi feita dentro de um “nível administrável” de alavancagem.
Pela compra do campo de Tubarão Martelo, por sua vez, a petroleira assumiu compromisso para investir entre US$ 50 milhões e US$ 60 milhões na interligação dos campos. Pelo acordo com a Dommo, que manteve 20% de Tubarão Martelo, a PetroRio bancará 100% dos custos de operação do campo, com direito a comercializar inicialmente 80% do óleo produzido. Após a interligação das concessões, prevista para meados de 2021, a empresa ficará com 95% do novo polo integrado, enquanto a Dommo ficará com 5%.
“Manter a Dommo como sócia minoritária é positivo para nós. Eles operaram o ativo nos últimos anos e foram resilientes ao longo desse tempo. Conhecem a geologia do ativo e maximizaram os recursos”, afirmou Queiroz Tanure.
O negócio marca uma parceria entre antigos oponentes. PetroRio (ainda chamada HRT na época) e Dommo (então OGX) chegaram a travar, na Agência Nacional do Petróleo (ANP), uma disputa na região. Em 2014, a OGX anunciou a intenção de uma nova fase de produção em Tubarão Martelo, a partir de uma descoberta na fronteira com a área de concessão de Polvo. A HRT recorreu então ao órgão regulador, por entender que o prospecto avançava para dentro dos limites de sua concessão e que o projeto deveria passar por uma unitização (união dos dois campos num projeto único de produção).
Segundo Queiroz Tanure, a parceria entre as duas empresas, pacifica a questão. Tubarão Martelo produz 5,7 mil barris/dia, mas a expectativa é que o ativo possa chegar a 10 mil barris/dia, após uma campanha de revitalização.
Com a aquisição, a PetroRio passa a deter quatro ativos operacionais. Desde 2017, a companhia tem mantido uma estratégia de aquisição ativa. Nos últimos três anos, comprou a Brasoil - que lhe garantiu uma fatia de 10% no campo de gás natural de Manati, na Bacia Camamu-Almada - e 100% de Frade, na Bacia de Campos.
Fonte: Valor