A Petrobras assinou um contrato com a SBM Offshore para alugar uma nova plataforma para o campo de Mero (ex-Libra), no pré-sal da Bacia de Santos. Com o acordo, o grupo holandês volta a fechar um contrato no Brasil depois de três anos sem encomendas no país. As últimas unidades contratadas pela estatal junto ao grupo holandês foram as embarcações Cidade de Maricá e Cidade de Saquarema, entregues em 2016.
Foram seis anos sem assinar um contrato no Brasil. A contratação de Mero 2 se dá cerca de um ano após a SBM assinar acordo de leniência de R$ 1,2 bilhão, autorizando a companhia a fechar novos contratos no país. A empresa ficou, entre 2014 e 2018, impedida de contratar com a Petrobras, devido ao envolvimento num esquema de corrupção no Brasil. De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), US$ 42 milhões foram pagos em propina, entre 1997 e 2012, por meio de agentes comerciais para obtenção de informações privilegiadas nas licitações da estatal.
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"Mero 2 é um marco. É muito importante para a SBM, não só porque o Brasil é o nosso maior mercado, mas é importante também para reter nossos talentos no país. Voltamos a ter oportunidades de crescimento", disse o presidente da SBM no Brasil, Eduardo Chamusca, ao Valor.
O executivo destacou que, além de Mero 2, a empresa monitora outras oportunidades de negócios no pré-sal brasileiro.
"Estamos no aguardo da nova rodada de contratações da Petrobras, para os projetos de Itapu e Mero 3, além dos projetos de águas profundas no Sergipe e de outros operadores, como a Equinor, em Carcará, e Shell, em Gato do Mato", comentou.
Mero 2 será entregue em 2022 e terá contrato de afretamento de 22,5 anos. Hoje, o grupo holandês possui contrato para aluguel de outras sete embarcações no Brasil, sendo seis para a estatal e uma para a Shell.
O mercado brasileiro responde por 42% das receitas globais da empresa. Em 2018, o aluguel de plataformas no país rendeu US$ 723 milhões em receitas para a holandesa. Ao todo, a holandesa possui cerca de 1,8 mil funcionários no Brasil.
Chamusca conta que as obras de construção de Mero 2 se concentrarão nos estaleiros da Ásia. A expectativa é que alguns módulos da embarcação sejam contratados no Brasil, mas o número dos itens a serem encomendados localmente ainda não está definido.
"Será o mesmo padrão de construção das plataformas que fornecemos à Petrobras anteriormente. O contrato será gerido na Ásia, dividindo o escopo dos módulos entre Brasil e Ásia. Só que a magnitude de módulos construídos no Brasil será menor, porque os percentuais de conteúdo local foram reduzidos", afirmou Chamusca.
Além de Mero 2, a SBM possui hoje outras duas plataformas em fase de construção, no mundo, ambas para o projeto de Lysa, operado pela ExxonMobil na Guiana.
Fonte: Valor