A revolução digital que mexeu com diversos setores da economia mundial cada vez mais exige soluções e demanda pesquisa e desenvolvimento (P&D) em toda a cadeia de petróleo e gás. A diretora da indústria de manufatura e recursos naturais da Microsoft Brasil, Ana Hofmann, disse que a inovação do setor de O&G, ao longo dos últimos 80 anos, esteve focada na produção. Ela comparou ao exemplo da empresa em que trabalha, cuja criação de produtos era o carro-chefe e, rapidamente, viu a transformação digital valorizar empresas que desenvolveram soluções menores, mas criaram um novo modelo de negócios.
Ana observa que empresas de variados setores tiveram que se reinventar nos últimos anos. “Aprendemos e a indústria de O&G precisa aprender muito com esse processo. Precisamos sair da visão de recursos de inovação apenas para criar produtos e trabalhar para discutir modelos de parceria”, disse Ana nesta terça-feira (30), durante seminário Tendências para o mercado de petróleo e gás, promovido pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan).
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Para o presidente da Baker Hughes no Brasil, Alejandro Duran, os operadores não devem ficar confortáveis com os patamares atuais de custos e buscar inovação em alguns segmentos de equipamentos que possam transformar a indústria de forma mais célere. Segundo o executivo, as empresas devem continuar a trabalhar para manter a competitividade do petróleo frente a outras fontes de energia, como o xisto, e viabilizar projetos de novos campos.
Duran acredita que a qualidade dos pesquisadores das tecnologias do setor de O&G não deixa nada a desejar em complexidade a trabalhos desenvolvidos pela NASA. Ele disse que a inovação desenvolvida para o pré-sal é uma herança que deve ser bem preservada e ter sequência. Segundo o executivo, os resultados operacionais feitos hoje em pesquisa e desenvolvimento vão se consolidar dentro de cinco a 10 anos.
Ele lembra que as empresas que investiram pesado em P&D estão saindo de um período complicado e considera importante, mais do que nunca, assegurar que operadores e fornecedores consigam trabalhar em parceria para traçar esse novo caminho. “Seria quase irresponsável achar que todas as empresas têm capacidade de criar P&D como há cinco anos, quando todos estavam nadando de braçada. Hoje se precisa de muito mais colaboração”, afirmou.
O gerente executivo do Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes), Orlando Ribeiro, destacou que as tecnologias viabilizaram pré-sal e ajudaram a reduzir os custos de extração. Segundo Ribeiro, parcerias tecnológicas ajudam a superar desafios técnicos e econômicos. Ele citou a expansão do Cenpes, ampliado em 2010, e que hoje conta com mais de 200 laboratórios, equipamentos de última geração e profissionais altamente graduados.
O superintendente de pesquisa e desenvolvimento tecnológico da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Alfredo Renault, acrescentou a necessidade de um plano para atingir a segunda cadeia de suprimento, fazendo com que a competitividade e produtividade aumentem e solucionem gargalos no setor industrial com a ajuda da tecnologia. Segundo Renault, a quebra do monopólio da Petrobras nos projetos fez com que os volumes de investimentos de outras operadoras em P&D aumentasse. “Precisamos injetar mais recursos nas empresas e construir mecanismos de incentivo à maior integração entre empresas e universidades”, defendeu.
Danilo Oliveira
(Da Redação)