Estão avançadas as conversas da América Latina Logística (ALL) para a entrada de um investidor na Brado, empresa que criou há quase dois anos para atuar na área de contêineres. "Estamos negociando a entrada de um parceiro", disse Eduardo Pelleissone, que assumiu a presidência da ALL em julho. "Temos expectativa de fechar até dezembro", acrescentou ele, sem revelar detalhes de participação e desembolso. Além do novo sócio, o executivo pretende anunciar - "em breve" - a entrada em um novo negócio, dando continuidade ao plano da companhia de crescer usando a estrutura ferroviária que possui.
A ALL é dona de 80% da Brado e a Standard tem os outros 20%. Até agora foram investidos na empresa R$ 53,9 milhões, ela tem R$ 11 milhões em caixa e uma linha pré-aprovada de R$ 160 milhões, mas o plano inicial já previa a necessidade de investir R$ 1 bilhão em cinco anos e a busca de um acionista estratégico, um fundo de investimento ou o lançamento de ações no mercado.
Pelleissone explicou que todo novo negócio vai seguir o mesmo perfil dos já existentes, com acordos operacionais que permitam uma participação importante da ALL, que não exijam a colocação de capital e que tenham relação com a malha existente. Além da Brado, ela criou a Ritmo, em parceria com Ouro Verde, para serviços rodoviários, e a Vetria, com a Triunfo e a Vetorial Mineração.
"Minha primeira missão é deixar a logística ferroviária com fluxo de caixa positivo. A segunda, tornar realidade os novos negócios e, se possível, incrementá-los", disse, ao Valor, na sede da ALL em Curitiba (PR). O executivo contou que a busca de investidor para a Vetria vai acontecer em 2013. Primeiro, quer ter todo o negócio montado, o que inclui a aferição da mina [de ferro] em Corumbá (MS) e a licença de instalação de estrutura para exportação no porto de Santos (SP). "Esses processos estão andando paralelamente e esperamos até o primeiro semestre do ano que vem ter tudo finalizado."
Vestindo camisa com o nome da empresa bordado no bolso, o executivo participou ontem da última etapa da seleção de trainees, que contou 20 mil candidatos para 25 vagas. Ele também comentou o primeiro resultado trimestral desde que assumiu o cargo e ressaltou que o foco está em crescer com ganho de produtividade.
De julho a setembro, a ALL registrou receita líquida de R$ 966,3 milhões, 11,2% maior que em igual período do ano passado. O lucro líquido cresceu 16,3% e foi de R$ 106,2 milhões. No trimestre, o volume ferroviário aumentou 4,4%, devido ao incremento de 8% no transporte de commodities agrícolas, puxado principalmente pelo milho safrinha, mas houve redução de 6,7% em produtos industriais.
Pelleissone adiantou que as expectativas para o quarto trimestre são positivas em produtos agrícolas como milho e açúcar, mas ele espera "um crescimento de volume para 2012 menor" do que o previsto no planejamento de longo prazo, que é de 10% ao ano. Segundo ele, a possibilidade de que problemas climáticos atrapalhem a safra agrícola no Sul do país ainda não é motivo de preocupação. "Gostaríamos de ser menos suscetíveis a problemas climáticos", comentou.
Pelleissone evita falar sobre a negociação em andamento na qual a Cosan poderá entrar no capital da ALL, sob a alegação de que se trata de assuntos de acionistas. Ele também não comenta as conversas em andamento com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) sobre o novo marco regulatório das ferrovias.
Sobre a negociação de ferrovias que pertencem à ALL e são localizadas na Argentina, o executivo disse que "se houver boa conversa, a gente sai, mas não é um processo rápido". No terceiro trimestre, a operação ferroviária no país vizinho resultou em prejuízo de R$ 16 milhões.
Fonte: Valor Econômico
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