Quando se fala em exportação, um dos questionamentos mais comuns é com relação às portas de saída para os itens produzidos no Rio Grande do Norte. E dentro desse panorama, o Porto de Natal, administrado pela Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern), exerce um papel importante. Ele é o principal terminal de cargas por onde é escoada boa parte da produção potiguar.
Esse será um dos assuntos abordados na próxima edição do projeto Motores do Desenvolvimento do Rio Grande do Norte, uma realização da TRIBUNA DO NORTE, Fiern, Fecomércio/RN e RG Salamanca Investimentos, com patrocínio do Banco do Brasil, Governo do Estado, Assembleia Legislativa e Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern), que será realizado no próximo dia 22, no auditório Albano Franco, na Casa da Indústria, a partir das 8h. O tema escolhido para o seminário é “Setor Exportador: Agronegócio e Pesca”.
Nos últimos anos, o porto tem passado por uma série de obras e ampliações que significaram uma verdadeira transformação na estrutura do terminal. Se compararmos a realidade de hoje com o que existia no início da década de 80, por exemplo, é possível verificar o crescimento do setor exportador no Estado e como isso vem se refletindo em melhorias significativas para as empresas exportadoras e para a economia potiguar como um todo. Para se ter uma ideia, no início da década de 80 o cais tinha uma largura de 12 metros, hoje tem 25 metros e boa parte, no último berço, com um amplo pátio na parte de trás.
Para o diretor-presidente da Codern, Emerson Fernandes Daniel Júnior, ainda há uma grande desinformação sobre as reais condições do terminal. “O mercado poderia e deveria olhar com melhores olhos para o nosso porto. Fala-se muito sobre o porto, mas não se conhece a realidade”, disse.
Ele cita uma obra recente no local de atracação dos navios, os chamados dolphins. Eles tinham capacidade para receber navios de até 37,5 mil toneladas, desde 2008, com a conclusão da obra, a capacidade foi ampliada e permite ao porto receber navios de até 75 mil toneladas – um limite que é o dobro do anterior. Essa foi a primeira obra portuária concluída dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal, a frente de companhias Docas de outros estados maiores, o que é comemorado pela companhia do Rio Grande do Norte.
Uma outra obra no Porto de Natal também já está inclusa no PAC e se trata da ampliação geral do terminal. Nesta ampliação está previsto o aumento da velocidade de embarque para 2.600 toneladas por hora, a compra de mais um guindaste para o cais das barcaças, além dos três que o porto já possui. Com a chegada desse guindaste, a capacidade instalada passará de 1.150 toneladas para 1.700 toneladas. A capacidade de armazenamento de sal também será elevada – de 100 mil toneladas para 150 mil toneladas.
“Estamos compatibilizando. O que tínhamos antes era compatível para receber navios de 37.500 toneladas e agora adequamos para a nova capacidade e para que possa concorrer com os grandes terminais do mundo”, afirmou Emerson Fernandes.
O investimento estimado nessa obra é de R$ 174 milhões. A ampliação anterior, concluída em 2008, custou R$ 26 milhões. A nova obra foi iniciada no final de novembro do ano passado, está com um terço já feita e deve ser concluído ainda no primeiro semestre de 2011.
Codern quer diversificar terminal
O sal é um dos principais produtos da pauta de exportação do Estado e que utilizam o terminal portuário de Natal como principal porta de saída, mas não é o único. O diretor-presidente da Codern, Emerson Fernandes Daniel Júnior, defende que o porto invista em infraestrutura e aparelhagens para a exportação de outros gêneros.
“Sou da área portuária há muitos anos e sempre defendi a construção de um novo terminal, ao lado do que existe hoje. Lá, teríamos uma nova esteira, um novo local de atracação, e também um outro pátio, para não misturar as cargas. O sal, por exemplo, prejudica o minério de ferro e vice-versa”, afirmou Emerson Fernandes.
Engana-se quem pensa que a ideia está longe de ser concretizada. O Governo Federal tem se mostrado solícito a planos como o de ampliação do porto. “Projetos viáveis e tecnicamente bons dificilmente serão recusados. E nós temos essa preocupação aqui. Elaborar projetos bem feitos, bem amparados, com boas ideias e plenamente exequíveis”, disse o diretor-presidente da Codern.
Emerson Fernandes disse que estudo básico que aponta a viabilidade técnica e econômica desse projeto já está pronto e a parte ambiental está em fase de conclusão. As conversas com o Ministério também já foram iniciadas.
Emerson Fernandes considera um erro comparar o porto de Natal com o de estados vizinhos, como o de Pecem, no Ceará, e Suape, em Pernambuco, porque são terminais com características diferentes.
Os terminais pernambucano e cearense são voltados para outros nichos de mercado, são os chamados portos concentradores, já de uma terceira dimensão na área portuária. Eles agregam ao porto uma imensa área ao lado onde existem comércio e indústria. “O nosso aqui você não teria condições de fazer isso, mas ele tem se mostrando mais ágil, muitas vezes, do que esses dois portos”, afirmou Emerson Fernandes. E lembrou que está sendo feita uma dragagem que vai elevar a profundidade do porto de 10 metros para 12,5 metros, considerada mais adequada para as características do terminal.
A história dos portos no RN
O projeto inicial do Porto de Natal foi aprovado em 14 de dezembro de 1922, através de decreto. No entanto, só dez anos depois, em 1932, o decreto de número 21.995, assinado pelo presidente Getúlio Vargas, à frente do Governo Provisório da República dos Estados Unidos do Brasil, cria o Porto de Natal. No dia 21 de outubro desse mesmo ano o decreto é publicado no Diário Oficial da União. De imediato começou a construção do Porto de Natal. A obra foi gerenciada pelo engenheiro Hildebrando de Góis que na época chefiava a extinta Inspetoria Fiscal dos Portos, Rios e Canais com sede no Rio de Janeiro. O engenheiro Décio Fonseca foi o primeiro administrador do Porto de Natal.
Já o Terminal Salineiro de Areia Branca foi inaugurado no dia 1º de março de 1974. Construído de aço, em alto mar, com aproximadamente 15 mil metros quadrados, ele passou a ser o principal ponto de escoamento do sal produzido no Rio Grande do Norte. A primeira operação ocorreu no dia 04 de setembro de 1974.
Na construção desse terminal foram investidos 35 milhões de dólares. O projeto de engenharia da empresa americana Soros Associates Consulting Engeneers ganhou o reconhecimento internacional pelas entidades de engenharia marítima e foi considerado um dos dez melhores projetos em todos os ramos da engenharia. É uma obra pioneira em toda a América Latina. O Porto Ilha é retangular, mede 92 metros de largura e 166 metros de comprimento. Foi aterrado com material coralíneo tirado da região e coberto com um piso de sal para garantir a pureza do produto armazenado.
A Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern), empresa de economia mista, vinculada ao Ministério dos Transportes, foi criada através do Decreto de nº 66.154, de 03 de fevereiro de 1970, publicado no Diário Oficial da União em 06 de fevereiro do mesmo ano.
A partir de 1983, seguindo a determinação de uma Assembléia Geral de Acionistas da PORTOBRÁS de 06 de abril de 1981, a administração do Porto de Natal passou a ser uma atribuição da Codern.
Fonte: Tribuna do Norte (RN) Natal
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