A Associação Nacional de Terminais de Cruzeiros (Aterc Brasil) divulgou, na última terça-feira (12), um comunicado em que pede que seja acelerada a tramitação do processo transferência do Terminal de Passageiros do Porto de Santos (SP), da região de Outeirinhos para o Valongo, no Centro Histórico da cidade. Segundo a entidade, a mudança, cujo projeto está sendo analisado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), é estratégica para modernizar a infraestrutura portuária e atender à crescente demanda do setor no Brasil”. No documento, a associação lembra que a mudança, após passar pelo órgão, será encaminhada ao Ministério de Portos e Aeroportos (MPor), que já se manifestou favorável, e que o prazo estimado para a construção é de cinco anos.
A Aterc Brasil alerta que a próxima temporada de cruzeiros, com previsão de início em 26 outubro e fim em 19 de abril, será impactada pela redução do número de navios de cruzeiro no Porto de Santos. Segundo a entidade, seis embarcações farão 122 escalas regulares no complexo marítimo em Outeirinhos, mas serão navios mais antigos e com menos capacidade de passageiros que os de temporadas anteriores.
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Ao pedir a aceleração da transferência do terminal de passageiros de Santos, a Aterc avalia que um dos principais entraves do setor de cruzeiros marítimos no Brasil é a falta de infraestrutura adequada, principalmente a falta de berços exclusivos para navios de passageiros, o que, segundo a entidade, compromete a segurança e a eficiência das operações. “O armador enxerga o passageiro como um hóspede. E a experiência da viagem começa antes mesmo do embarque: com um acesso rápido e fácil ao terminal, um embarque organizado por meio de fingers e uma logística eficiente dentro e fora da instalação portuária”, afirmou João Tomaz, diretor-executivo da Aterc Brasil.
De acordo com a associação, o projeto proposto para o Valongo prevê para os passageiros uma experiência de bem-estar, com concepção moderna, funcional e capaz de competir com os demais destinos mundiais. “Os embarques serão realizados por meio de fingers, com segregação de passageiros e abastecimento de navios. A estrutura contará, também, com salão de imigração, salão para desembarques internacionais e prédio de estacionamento fora da área operacional”, explica no comunicado. No texto, a Aterc lembra ainda que a mudança de Outeirinhos para o Valongo foi pedida à Concais, arrendatária do terminal, há quatro anos, quando foi apresentado projeto para que ele ocupe região em frente ao Armazém 1 do porto santista, mas que a empresa ainda espera a autorização.
A entidade acrescenta que a proposta para o Terminal do Valongo prevê capacidade para atracação simultânea de três navios em área abrigada, na região interna do porto, e que, além das instalações para passageiros, a estrutura terá edifício garagem e passarela de interligação e de embarque. A Aterc destaca ainda a localização, próxima ao Parque Valongo e a poucos minutos do futuro Aeroporto Civil Metropolitano de Guarujá, e que terminal se integrará ao Centro Histórico de Santos, “impulsionando o turismo e o comércio”.
A associação ressalta que, quando três navios de passageiros atracam ao mesmo tempo, o fluxo de pessoas em direção ao terminal chega a 30 mil e que, para o transporte delas, são usados cerca de 360 ônibus, 150 vans e 5,5 mil automóveis. Além disso, informa a entidade, que, para a operação de abastecimento de suprimentos, são utilizados 42 caminhões-baú e outros 36 veículos pesados, além de cinco carretas com contêineres de 40 pés.
Segundo o diretor-executivo da Aterc Brasil, a operação de cruzeiros no Porto de Santos é uma das mais complexas do turismo brasileiro. “Ela exige logística robusta e altamente coordenada, com centenas de ônibus, vans, automóveis e caminhões em circulação, o que demonstra a urgência de uma infraestrutura moderna e adequada para atender com eficiência e segurança a essa demanda crescente. Tudo isso sem impactar a cidade e sem criar transtornos para os moradores da região”, afirmou.
A Associação Nacional de Terminais de Cruzeiros informou também que TUPs da Baixada Santista apresentaram projetos de cruzeiros marítimos, mas que, apesar de serem divulgados como instalações para passageiros, os empreendimentos têm como foco o mercado imobiliário e o comércio em áreas densamente habitadas, que já enfrentam problemas de mobilidade urbana. “Além de ignorar a complexa logística envolvida em operações de cruzeiros, as propostas trarão severos impactos diretos à rotina da população local e ao meio ambiente, tendo em vista o grande fluxo de pessoas em carros, ônibus e caminhões em direção a regiões residenciais”, avalia a entidade.
Tomaz classificou os projetos como de concepções antigas, que vão na contramão das práticas adotadas pelas grandes armadoras internacionais, e lembrou que outros locais do Brasil já tiveram projetos similares, que nunca saíram do papel. “São projetos que não consideram o fluxo intenso de veículos e pessoas envolvidas nesse tipo de operação, causando um grande impacto à cidade. E ainda podem comprometer a fluidez da navegação em todo o porto, por estarem na entrada do canal”, advertiu.
A Aterc Brasil alerta, em seu comunicado, que “a construção de um terminal portuário de passageiros é uma obra de grande porte e complexidade, com impacto direto na vida das pessoas, na economia da região e até mesmo do país”. Por isso, explica, “os empreendimentos devem ser conduzidos com responsabilidade, transparência e por empresas com comprovada expertise no setor”.
A entidade ressalta ainda a importância da rapidez na análise do projeto do Valongo, que classifica como “alternativa viável, segura e moderna, já apoiada pela Prefeitura de Santos e amplamente debatida com os principais players do setor”. E diz que a “demora nessa definição pode trazer sérias consequências para as próximas temporadas de cruzeiros e comprometer o futuro do turismo marítimo no Brasil”.