Com a capacidade de movimentação de cargas no limite, as filas de navios para atracação crescem no Pecém
Com o incremento na movimentação de cargas, que em outubro último chegou a 2,4 milhões de toneladas, no acumulado dos dez primeiros meses, o Porto do Pecém iniciou o último trimestre de 2010 com a capacidade praticamente esgotada, condição que tende a piorar, com a proximidade do fim do ano. A fila, o tempo mínimo de espera para atracação de um navio, ontem, era de dois dias, mas já chegou a 15 dias, no início deste mês, gerando problemas às exportações de produtos perecíveis, como as frutas.
Neste mês, uma carga de 400 toneladas de banana, melão, melancia e uva passou 17 dias estocada em 20 contêineres refrigerados no pátio do Porto, à espera do único navio que liga o Ceará aos Estados Unidos e à Europa, e que desviou o curso e não parou.
Com o cronograma de viagem atrasado, por problemas de filas de espera nos portos do Sul e do Sudeste, e sem berço para atracar no Pecém, o navio de contêineres da alemã Hamburg Sud e da chilena Companhia SudAmericana de Vapores (CSAV) passou ao largo e deixou os fruticultores, literalmente, "a ver navios".
"As cargas de frutas de três semanas seguiram no último dia 14", lamentou o empresário fruticultor Carlos Prado, para quem o problema não está apenas do Porto do Pecém, mas no comandante do navio, que optou por não parar no terminal. "A carga deve estar chegando ao destino neste fim de semana e, então, vamos poder avaliar se haverá prejuízos", destacou.
Conforme disse, o problema está no grande volume de frutas que irá chegar, de uma só vez, ao distribuidor, para que seja repassado ao mercado consumidor. Além disso, as frutas chegarão mais maduras, com tempo de prateleira menor, o que pode gerar reclamação por parte do importador.
"Se ele (o importador) reclamar, talvez tenhamos que renegociar preços", avalia o produtor. Diante do fato, ele disse que, no primeiro momento, a saída foi reduzir em 30% a remessa de frutas ao exterior e tentar comercializá-la no mercado interno. "Atraso de uma semana o importador até entende, mas de duas fica difícil, sobretudo se isso voltar a acontecer", ressaltou o empresário.
"Armador é responsável"
O diretor de Negócios da Ceará Portos - empresa que administra o Porto do Pecém - Mário Lima Júnior, confirmou o atraso no envio do carregamento, mas disse que a responsabilidade é do armador, que desviou a rota do navio. Ele explica que, assim como o Pecém, os demais portos do País vêm registrando crescimento médio em torno de 15%, o que estaria gerando filas de espera em todos os terminais portuários brasileiros.
"O Pecém é o último ponto da linha que vem do Mercosul e que segue para os Estados unidos e Europa. Se perde muito tempo (nos outros portos), ele pode até ter espaços, mas (diante da fila) o armador olha o que tem para embarcar e não para", explica. Ele confirma que, com apenas três berços de atracação, o terminal está no limite de sua capacidade de movimentação de cargas. Para lima júnior, a solução virá com a construção do novo terminal de múltiplo uso (Tmut), que deve estar ponto em abril de 2011.
Comércio exterior
"Atraso de uma semana o importador até entende, mas de duas, fica difícil"
Carlos Prado
Empresário e fruticultor
"A solução virá com a construção do Tmut, que deve estar pronto em abril de 2011"
Mário Lima Júnior
Diretor de Negócios da Ceará Portos
Fonte: Diário do Nordeste (CE)/CARLOS EUGÊNIO
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