Safra 2010/2011 promete ter a melhor movimentação desde 2003/2004, quando o Estado passou a exportar o grão
Com 64 mil toneladas de trigo, o navio grego Zagora parte entre esta quinta, dia 27, e sexta do Porto de Rio Grande. Leva até Alexandria, no Egito, o maior carregamento da safra 2010/2011, que promete ter a melhor movimentação desde 2003/2004, quando o Estado passou a exportar o grão.
Entre remessas para o norte da África e cabotagens (translado dentro do país) para o Nordeste, a fim de escoar a produção gaúcha do ano passado, o porto prevê em 2011 romper a marca de 1,2 milhão de toneladas movimentadas, alcançando um crescimento de 25% ante o ano anterior.
– Escoamos em 2011 a maior parte da safra plantada no ano passado. Temos condições de quase dobrar o volume no cais – anima-se Guillermo Dawson, diretor do complexo Termasa-Tergrasa, que, neste ano, projeta saltar de 630 mil para 1 milhão de toneladas embarcadas.
Números que refletem na chegada de caminhões. De 70 ao dia em 2010, em média, para 160 em janeiro deste ano.
Tal otimismo é fruto de uma equação que envolve clima, cultivo, subsídios federais e mercado internacional. A chuva na época da semeadura, entre maio e junho, mais a combinação de um inverno úmido com uma primavera seca e fria garantiram maior produtividade – de 2,1 para 2,49 toneladas por hectare. A melhor produtividade desde a década de 1980, destaca Ernesto Irgang, da Companhia Nacional de Abastecimento no Estado.
Além de escala, o trigo gaúcho nasceu com qualidade – tanto o tipo pão, quanto o brando, usado na mistura de biscoitos. A combinação facilitou a entrada em mercados pouco acessados, como o próprio Egito, destino do Zagora, que também evidencia a boa safra no volume.
– Um navio de trigo sai com 35 mil toneladas. Esse de 64 mil tem volume de soja, algo raro. Estamos em uma safra especial, conquistando novos mercados – frisa Dawson.
Por meio do Prêmio de Escoamento de Produto (PEP), o governo federal faz sua parte na cadeia do trigo. Assegura o movimento no porto sem derrubar o ganho do produtor. Por meio de leilões, negocia um subsídio para cada tonelada embarcada, que garante um preço mínimo ao grão.
– Se a tonelada do trigo está R$ 477, o governo abate o subsídio. Houve leilão com R$ 85 de ajuda, por exemplo. Assim, a indústria paga R$ 392, mas o produtor recebe os mesmos R$ 477 – explica o analista Elcio Bento, da Safras e Mercados.
Ao reduzir os gastos do comprador, o PEP dá um empurrãozinho nas exportações, diminuindo o preço no mercado internacional. A cotação da tonelada gaúcha de trigo (US$ 310) tem ficado abaixo dos vizinhos Argentina (US$ 317) e Uruguai (US$ 313).
Fonte:ZERO HORA/Guilherme Mazui | Rio Grande (RS)
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