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Baía de Sepetiba atrai R$ 38 bilhões em investimentos

Localizada ao sul do Rio de Janeiro, região atrai novos terminais portuários, estaleiros, siderúrgicas e centros de distribuição
RIO- A região da Baía de Sepetiba, ao sul do Rio de Janeiro, se transformou num dos maiores canteiros de obras do Brasil. Investimentos públicos e privados de pelo menos R$ 38 bilhões em terminais portuários, estaleiro, siderúrgica, rodovias e centros de distribuição aceleram o crescimento da região.
A perspectiva de instalação de uma das bases da Petrobrás para o pré-sal e projetos de novas usinas da CSN e da Usiminas irão somar mais alguns bilhões de reais ao polo.
A maior parte dos investimentos está concentrada no município de Itaguaí, às margens da baía. A grande quantidade de caminhões e equipamentos que trafegam por lá perturba a tranquilidade da região, um grande descampado, com características rurais. A precariedade das residências evidencia o nível ainda baixo de desenvolvimento.
Há dez dias, a rotina pacata do lugar foi quebrada pelo comboio de veículos que se dirigia ao lançamento das obras do Superporto Sudeste, projeto da LLX em Itaguaí, município que já abriga o Porto de Itaguaí (antigo Porto de Sepetiba). O empreendimento da empresa de logística do Grupo EBX, de Eike Batista, terá investimento de R$ 1,8 bilhão e previsão de operação para 2012, escoando a produção de minério de ferro de Minas Gerais.
O governo do Rio negocia ainda a utilização de uma área da Companhia Docas próxima ao Porto de Itaguaí para criar uma zona de apoio logístico, segundo Cristiano Prado, gerente de Infraestrutura e Novos Investimentos da Federação das Indústria do Rio de Janeiro (Firjan).
"O governo fez uma apresentação a empreendedores do setor naval, mas a negociação precisa passar por procedimentos legais para que Docas possa liberar a área", disse Prado.
Segundo a subsecretária de Desenvolvimento do Rio de Janeiro, Renata Cavalcanti, a Petrobrás cogita construir uma das bases de apoio à exploração do pré-sal numa área de 10 mil metros quadrados que possui na região. "A companhia estava considerando vender a área, mas com a descoberta do pré-sal, resolveu retê-la. Vai ser usada no transporte de produtos às plataformas", informou. Procurada, a direção da estatal disse que não pode comentar o assunto.
Renata credita à logística portuária a entrada de Itaguaí no mapa dos investimentos. "É uma localização excepcional em termos logísticos. Uma área de água abrigada, muito conveniente para atividades marítimas". Ela cita ainda a proximidade do Porto de Itaguaí e a existência de grandes indústrias, como a Gerdau e, mais recentemente, a da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA).
Bilhões. Investimento de R$ 13,2 bilhões da Vale e da alemã ThyssenKrupp, a siderúrgica da CSA foi instalada na região também por razões logísticas. Inaugurado no mês passado em Santa Cruz, bairro carioca vizinho a Itaguaí, o complexo inclui um porto privativo na Baía de Sepetiba. São dois terminais que receberão carvão para a produção do aço e exportarão placas para os EUA e Europa.
Todos esses investimentos estão impulsionando empresas locais. Em um dos acessos ao distrito industrial de Santa Cruz, que começa na Rio-Santos e conduz a empresas como Gerdau e CSA, Carlos Alberto da Silva montou uma locadora de veículos. Antes localizada na parte comercial do bairro de Santa Cruz, a empresa foi levada para perto das companhias quando Silva e os sócios viram a demanda por aluguel de veículos crescer.
A chegada da CSA permitiu a Silva mais do que dobrar o tamanho da empresa. "Alugamos carros para executivos, funcionários de escalão intermediário, vans e caminhões. Desde a implantação da siderúrgica, crescemos 60%. Hoje, eles respondem por 70% do faturamento", conta. A forte demanda permitiu à empresa ampliar o número de funcionários: são 62 profissionais, entre motoristas, equipe de escritório e limpeza.
Outra empresa que se beneficia dos novos investimentos é a Six Brasil, de sinalização e comunicação visual, em Itaguaí. Luiz Renato, um dos sócios, conta que um contrato fechado com a CSA foi a salvação para escapar da crise. A empresa investiu em equipamentos para fornecer placas viárias para os canteiros de obras da siderúrgica.
"Se fecharmos mais um contrato com a CSA, dobraremos o faturamento em um ano", diz Renato. Morador de Bangu, na Zona Norte do Rio, ele planeja se mudar para Itaguaí para ficar mais perto do trabalho, mas reclama do valor dos imóveis. "O preço está subindo muito", diz.

Fonte: O Estado de S.Paulo/Glauber Gonçalves


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