A BR Distribuidora vai utilizar sua liderança de mercado para tirar vantagem da abertura do setor de refino à iniciativa privada. Ela está disposta a negociar com os futuros compradores das refinarias da Petrobrás investimentos em logística e na comercialização de novos produtos, diz o presidente da empresa, Rafael Grisolia.
Segundo ele, a estatal não faz diferença entre os seus clientes. "Eu brinco: nem um cafezinho tomo numa sala diferente", diz o executivo, apesar da BR ser líder de mercado. Segundo ele, existem oportunidades a desenvolver. "A BR não se vê como produtor. Não somos refinadores, nem produzimos etanol. Agora, o que tem a partir do portão de uma refinaria ou de uma usina é a nossa vocação. É nisso que estamos concentrados."
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A Petrobrás está se desfazendo de oito unidades produtoras de combustíveis, divididas em dois grupos, um concentrado nas regiões Norte e Nordeste e outro no Sul. A Shell, que junto da Cosan forma a Raízen, uma das principais concorrentes da BR, já demonstrou interesse.
Com esse e outros desinvestimentos, a estatal vai se concentrar no pré-sal. Para o governo, a entrada de diferentes produtores é também um meio de promover a concorrência e forçar a redução dos preços dos derivados de petróleo. Mas essa estratégia esbarra na falta de logística para transportar os combustíveis entre os diferentes mercados e promover a competição.
Faltam ferrovias, hidrovias, dutos, tanques e terminais para aumentar o raio de alcance de cada uma das refinarias. Estudo da consultoria Leggio estima que uma melhora na logística de transporte e distribuição diminuiria os gastos com a movimentação de produtos em R$ 1 bilhão, o que poderia ser revertido em ganhos ao consumidor final. "As expansões em infraestrutura não só reduziriam o custo logístico como permitiriam às distribuidoras adquirir combustíveis a um preço mais competitivo", conclui o estudo.
Para Luciano Losekann, professor de Economia da Universidade Federal Fluminense e especialista em Petróleo e Gás, a BR Distribuidora continua a ter papel estratégico na expansão do mercado de distribuição, mesmo após a privatização. "É uma empresa líder em um segmento que estrutura a cadeia de combustíveis no Brasil. Apesar da sua nova estrutura, é muito relevante para o refino, porque o acesso ao mercado final é crucial para uma operadora de petróleo", avalia.
Fonte: Estadão