Os planos de atrair uma linha de cabotagem para o porto de natal não se concretizaram em 2010, mas, segundo a Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern), poderão ser postos em prática durante este ano. Para tanto, será preciso transpor antigas dificuldades, como a finalização do processo de dragagem, que visa aumentar a profundidade do canal de acesso e a largura do rio Potengi, além da dificuldade em encontrar uma empresa de navegação para operar a cabotagem, que consiste no transporte de mercadorias entre dois portos da costa de um mesmo país.
Em março do ano passado, o diretor-presidente da Codern, Emerson Fernandes, informou que havia um projeto para realizar a ligação entre o terminal marítimo de Natal com o Sudeste brasileiro. A previsão para entrada em operação da linha de cabotagem era o segundo semestre de 2010, com a estimativa de levar cerca de 400 contêineres com frutas e sal, mensalmente, para a região que concentra os maiores centros comerciais do país.
Apesar do adiamento e da falta de um novo prazo para que a linha entre em operação, Fernandes garante não haver impedimentos para o início imediato da cabotagem a partir do Porto de Natal, no que diz respeito à infraestrutura. De acordo com ele, o processo está em análise e há empresas de navegação interessadas em atuar no terminal natalense. “Os trabalhos de dragagem deverão ser concluídos até março e estamos conversando com empresas de navegação, ao mesmo tempo em que analisamos o que ainda precisa ser feito. Em 2011, os estudos tomaram um rumo bem melhor e acredito que em cerca de 15 dias poderemos ter alguma definição e dar boas notícias ao Rio Grande do Norte”, analisa.
O presidente da Codern diz ainda que os planos da linha de cabotagem não sofreram modificações e, assim como informado no início de 2010, a intenção é ligar Natal a cidades do Sudeste do país, para enviar principalmente frutas e sal. “Estamos tentando definir os volumes de carga que serão transportados”, conclui.
Empresários
Representante de um dos setores que deverá se beneficiar com a linha de cabotagem, o vice-presidente do Sindicato da Indústria de Extração do Sal do RN (Siersal), Airton Torres, lembra que a discussão sobre o assunto está em pauta no Estado há muitos anos. “Percebo que diversos setores da economia têm interesse em que se torne realidade. Particularmente para a gente, do setor salineiro, essa operação muito positiva, uma vez que já movimentamos grandes volumes do produtos pelos portos do Ceará”, afirma.
Para que o transporte entre o Porto de Natal e outros terminais brasileiros seja uma realidade, Torres diz faltar apenas encontrar uma empresa de navegação com interesse em operar no RN. “Depositamos esperança na articulação da Secretaria Especial de Portos (SEP) e da Codern, que vêm demonstrando bastante empenho nesse sentido”, ressalta.
Codern quer exportar minério de ferro pelo Porto de Natal
Outro projeto da Codern, que deverá sair do papel em 2011, é a exportação de minério de ferro pelo Porto de Natal. A previsão da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico (Sedec) é de que o primeiro embarque do produto com destino a outro país – que ainda não foi definido – ocorrerá até o próximo mês de junho. Atualmente, a produção do estado é embarcada pelo Porto de Suape, em Pernambuco.
O presidente da Codern, Emerson Fernandes, garante que o terminal de Natal possui todas as condições necessárias para dar início ao processo de exportação do minério. “Tenho convicção de que essa operação será um sucesso, principalmente levando em conta os cuidados que temos, para garantir que tudo transcorra da forma mais tranquila possível, como na questão ambiental”, enfatiza Fernandes.
O secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico, Benito Gama, confirma as informações repassadas pelo presidente da Codern e diz que a estrutura do porto é suficiente para que sejam embarcadas 70 mil toneladas de minério de ferro e esse volume servirá, inicialmente, como um teste. “O ideal é que possam ser embarcadas 150 mil toneladas do produto, a partir do terminal da capital potiguar. Dando tudo certo, deveremos utilizar o porto na sua capacidade máxima e iremos buscar maneiras de desenvolver novas possibilidades”, prevê.
O teste inicial para o embarque de minério de ferro deverá ocorrer ao longo do primeiro semestre deste ano. “Hoje não tem embarque de minério de ferro pelo Porto de Natal, porque não há calado suficiente. Há também outros pontos mais complexos, que prefiro não comentar neste momento”.
De acordo com o secretário, a atual prioridade da Sedec na área de mineração é realizar análises dos requerimentos feitos junto ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), por empresas interessadas em atuar no território potiguar. Essas petições somam hoje um total de 2,5 mil requerimentos ativos.
Fonte: Tribuna do Norte (RN) Natal/Sílvia Ribeiro Dantas
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