Com o anúncio de um possível cessar-fogo entre os Estados Unidos e a milícia Houthi no Iêmen, cresce a expectativa pelo retorno em larga escala de navios porta-contêineres ao Mar Vermelho e ao Canal de Suez. Segundo a plataforma Xeneta, especializada em inteligência de frete, esse movimento pode causar uma queda de 6% na demanda global por TEU-milha e provocar um colapso nas tarifas de frete marítimo.
A medida reduziria drasticamente os custos logísticos, já que o retorno à rota tradicional substituiria o atual desvio pelo Cabo da Boa Esperança, que aumentou distâncias e custos desde o início da crise. No entanto, a situação geopolítica continua volátil, e analistas alertam para a falta de garantias reais de segurança, tanto para tripulações quanto para cargas — um fator determinante para a retomada.
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Atualmente, as tarifas spot do Extremo Oriente para o Norte da Europa e Mediterrâneo estão 39% e 68% acima dos níveis anteriores à crise, respectivamente. Para as costas Leste e Oeste dos EUA, os aumentos são de 49% e 59%. Segundo Peter Sand, analista-chefe da Xeneta, o retorno de navios ao Mar Vermelho inundaria o mercado com capacidade ociosa, pressionando as tarifas para baixo. Combinada a uma possível queda na demanda por importações nos EUA e à chegada de novos navios ao mercado, essa movimentação exigiria uma gestão de capacidade sem precedentes por parte das transportadoras.
Apesar da perspectiva, Sand destaca que ainda não há aumento significativo no tráfego pelo Canal de Suez em 2025 e lembra que os Houthis declararam que o cessar-fogo não se estende a navios ligados a Israel. A insegurança permanece como principal entrave para qualquer normalização das rotas marítimas, especialmente diante do risco de retomada dos ataques.
Para os operadores logísticos e embarcadores, o desafio está em evitar um novo cenário de instabilidade, caso a retomada da rota pelo Canal de Suez precise ser revertida abruptamente. O setor, ainda em recuperação da disrupção iniciada no início de 2024, exige mais que um acordo pontual para considerar a mudança como viável no longo prazo.