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China quer estrutura portuária para minério

Minério cearense: cerca de 32 mil toneladas estão estocadas no Pecém. Diariamente chegam 2 mil
A 1ª exportação de minério de ferro do Ceará será na 2ª quinzena de fevereiro. Parte da carga já está no Pecém
A primeira exportação de minério de ferro do Ceará está prevista para a segunda quinzena de fevereiro, sendo toda a carga levada para a China. Segundo Mário Lima Júnior, diretor de Desenvolvimento Comercial da Ceará Portos, responsável pelo Porto do Pecém, serão 70 mil toneladas. "Atualmente, já existem 32 mil toneladas de minério de ferro estocadas no Porto do Pecém, que estão vindo de Sobral por via férrea. Diariamente, chegam duas mil toneladas ao Porto, totalizando, até o dia 15 do próximo mês, 70 mil toneladas", fala. A previsão inicial era de que seriam comercializadas 75 mil toneladas.
Entretanto, a expectativa é elevar este volume e, para isso, a China já tem grandes planos para investimentos no Estado: a construção de uma nova estrutura portuária para escoar toda essa produção. Para discutir este e outros projetos, o embaixador do gigante asiático no Brasil, Qui Xiaoqi, reuniu-se ontem com o governo estadual.
"Existe a perspectiva, e é uma prospecção que não está fechada ainda, que é a parceria de uma segunda estrutura portuária aqui no Pecém operada pela China. Mas isso está sendo discutido ainda, está em negociação", informou o governador em exercício, Francisco Pinheiro, após a reunião com o embaixador, ressaltando que o projeto ainda não está posto no papel, mas que foi pauta do encontro de ontem.
"O Pecém está chegando à sua capacidade, e nós estamos inclusive o ampliando. Só a siderúrgica e a refinaria vão ser um grande impacto no porto. Hoje ele é o maior exportador de frutas do Brasil, e há uma tendência grande da economia, especialmente da região Centro-Oeste, de tirar o foco do Porto de Santos e vir para o Ceará, por questões simples, de distância e de economia. O Pecém é um porto moderno, o de Santos é um porto que ainda tem uma tradição antiga e que ainda não se modernizou, então estamos ganhando algumas economias importantes do Centro-Oeste", justifica Pinheiro.
Alternativas
De acordo com o presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico do Estado (Adece), Antonio Balhmann, existem duas possibilidades analisadas para o investimento: fazer uma estrutura portuária paralela ao terminal de Pecém, ou dentro do próprio porto, com a construção de mais um píer de atração. "Hoje o porto se adequa à exportação de minério de ferro. Então, do mesmo jeito que o Estado investe para importar minério de ferro pra siderúrgica, há uma necessidade hoje de uma infraestrutura pra sair minério de ferro pra China", explica. A própria China, fala, é que bancaria o investimento.
O presidente da Adece adianta que o Ceará vem trabalhando em uma nova estratégia para o minério de ferro àquela adotada em Carajás, a maior mina do mineral no País. "O Ceará tem pequenas e diversas ocorrências de minério de ferro superficiais e de muito boa qualidade, e com a logística ferroviária passando entre elas. Então, não precisa de grande investimento. O nosso minério se torna competitivo exatamente porque a logística é barata, e o porto tá pronto, não precisa fazer uma grande ferrovia como foi feita em Carajás. É por isso que o Ceará hoje pode se tornar ator importante na exportação de minério de ferro", garante.
Balhmann acredita ainda que possa ser feito o escoamento da produção em outros estados próximos, como o Piauí, onde há ocorrências. O mineral seria, dessa forma, transportado pelo modal ferroviário até o Pecém. "Mas o mais importante é que o Ceará vai ter um fluxo de minério de ferro de grande quantidade, que pode gerar outras consequências na área da siderurgia no interior do Estado", disse, sem detalhar que consequências poderiam ser.
A exploração de minério de ferro no Ceará está sendo feita em Sobral, pela empresa chinesa Globest, que deveria ter escoado a primeira carga ainda no ano passado, mas acabou adiando o prazo para fevereiro deste ano. Espera-se que, ainda em 2010, o volume exportado seja de 150 mil toneladas. A mineradora começou a operar no município em março de 2009, e toda a sua produção já foi vendida à China. Parte dessa produção já se encontra estocada no complexo portuário do Pecém, à espera do navio transportador.
O presidente da Adece, já afirmou, por várias vezes, que o Ceará tem capacidade para produzir 12 milhões de toneladas anuais do minério. Contudo, a atual estrutura portuária ainda não permite.
EMBAIXADOR CONFIRMA
Montadoras têm interesse no Ceará
Entre as oportunidades de negócios existentes entre China e Ceará, o embaixador Qui Xiaoqi destaca investimentos no setor automobilístico, algo que já vem sendo buscado desde o início do governo Cid Gomes. Comitivas cearenses já visitaram países asiáticos em busca de trazer montadoras para solo cearense. As possibilidades, acredita-se, são reforçadas com a instalação da siderúrgica de Pecém.
"Algumas fábricas de automóveis da China tem muito interesse em se instalar aqui", confirma o embaixador. Mas, assim como o Ceará, vários outros estados e mesmo países - a exemplo do Paraguai, Uruguai e Venezuela - também passaram a brigar por estas unidades.
"É uma guerra tremenda, todos os percursos que nós fizemos na China na área de planta de automóveis, inclusive o governador, foram depois percorridos os mesmos caminhos por outros governadores de Estado. Então, mantemos em reserva, mas podemos dizer que há um avanço muito grande em ter uma possibilidade concreta de implantação de uma planta automobilística no Ceará", confirma Balhmann.
O governo do Estado não informa o nome das empresas prospectadas, por questões estratégicas, mas as chinesas Chery (a maior do País) e JAC já anunciaram o interesse em instalar uma unidade no Brasil, sem entretanto definir onde. Ao anunciar o interesse em construir uma fábrica no País, o presidente da Chery no Brasil, Luís Curi, citou o Ceará como possibilidade, sendo o único do Nordeste a ser apontado. A planta teria capacidade para produzir 150 mil carros/ano, com investimento de US$ 500 milhões e podendo empregar mais de 10 mil pessoas. Além destas, também se fala no interesse da BYD, que dedica-se hoje à produção de automóveis híbridos (movidos a gasolina e baterias elétricas).
Segundo Balhmann, a ideia é que a montadora esteja em funcionamento até 2015. "Portanto, temos que começar uma planta dessas no máximo até 2011, pra em 2015 estar operando", diz. Caso o governo consiga atrair a usina de laminados, como segunda etapa da siderúrgica, o aço produzido aqui poderia subsidiar um polo metal-mecânico no Ceará. (Fonte: Diário do Nordeste/CE/SÉRGIO DE SOUSA)



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