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Chuva já interrompe embarque de açúcar nos portos

Os embarques de açúcar foram paralisados ontem nos portos de Santos (SP) e de Paranaguá (PR) por causa das chuvas. Estima-se que o mau tempo prejudicará a exportação diária de pelo menos 80 mil toneladas do produto nos dois portos. A condição climática deve aumentar a espera das embarcações e, consequentemente, o pagamento de "demurrage" (multa de sobre-estadia de navios). Por dia extra, cada navio gera entre US$ 15 mil e US$ 30 mil de penalidade ao embarcador, ou seja, às tradings exportadoras de açúcar.
No porto de Santos, 41 navios aguardavam ontem para carregar. Em Paranaguá, outras 14 embarcações estavam na fila. "A espera é de 32 dias", afirmou Luiz Teixeira da Silva Júnior, chefe do departamento de operações de Paranaguá.
Os exportadores também estão preocupados com os baixos níveis dos estoques dos importadores. "Abastecemos várias refinarias no mundo e sabemos que as reservas estão baixas. Se o tempo ruim se prolongar para sete a dez dias, pode haver prejuízo no destino", disse Paulo Roberto de Souza, presidente da Copersucar, maior comercializadora de açúcar e álcool do país.
Os mercados que hoje mais demandam açúcar em regime de urgência são Canadá, Arábia Saudita e o Norte da África. "As refinarias que têm o Brasil como fornecedor costumam manter estoques baixos, pois sabem que no momento em que precisarem, conseguirão produto sem dificuldades. Mas nos deparamos com uma concentração de demanda dessa magnitude e, agora, com chuvas", afirmou.
Como é feito a céu aberto, o carregamento de açúcar no navio é suspenso quando chove. "O capitão do navio interrompe o carregamento para proteger a carga, pois ao final do carregamento ele assina documento garantindo que a carga está em ordem", diz Souza.
Para se ter uma ideia do quanto os terminais de açúcar forçam seus limites para embarcar o produto, de 1 a 13 de julho, todos os terminais brasileiros embarcaram 1,1 milhão de toneladas, uma média de 86 mil toneladas por dia. Nos 31 dias de julho de 2009, foram exportadas 1,68 milhão de toneladas - 54 mil toneladas diárias, segundo a Kingsman do Brasil.
"Estamos no limite em todo o sistema logístico. As usinas carregam açúcar em caminhões 24 horas por dia, quando o normal é apenas pela manhã. As rodovias também padecem de situação extrema", disse Souza. Segundo a Associação do Transporte Rodoviário do Brasil (ATR), que tem foco em cargas do agronegócio, faltam caminhões para levar açúcar das regiões produtoras até Santos. "Precisaríamos de 20% a 25% mais caminhões para atender toda a necessidade açucareira. Por conta dessa concentração, desde junho os fretes aumentaram 10%", diz Rogério Martins, diretor da ATR.

Fonte: Valor Econômico/ Fabiana Batista, de São Paulo


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