A Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern) está avaliando junto ao governo do estado a viabilidade de construir um complexo portuário em Natal, na margem esquerda do rio Potengi. O equipamento seria uma ampliação da atual estrutura do Porto, demandaria um investimento R$ 1,2 bilhão e ocuparia uma área de 8,5 quilômetros quadrados, em frente ao atual terminal portuário, administrado pela companhia. Há, porém, pendências a ser resolvidas para que o projeto possa sair do papel.
júnior santosProposta é montar o complexo em frente à atual estrutura do porto de Natal [lado direito da foto]Proposta é montar o complexo em frente à atual estrutura do porto de Natal [lado direito da foto]
Um dos grandes desafios a serem vencidos é convencer o poder público e a sociedade de que o local proposto é o único possível para abrigar a ampliação do Porto de Natal. Isso porque haverá degradação de uma área de mangue e a obra só será possível se a governadora do estado emitir um decreto, declarando que o local pretendido é um terreno de utilidade pública, para construção do porto por falta de alternativa de localização. Além disso, será necessário apresentar um projeto de compensação ambiental.
De acordo com o diretor técnico-comercial da Codern, Hanna Safieh, a área é cobiçada porque o rio Potengi apresenta condições raras para abrigar um porto, que não são vistas em nenhum outro terminal portuário brasileiro. “Temos uma condição extraordinária, de águas tranquilas, que permite embarque e desembarque ágeis. Isso é uma riqueza incalculável”, conta.
A ampliação do porto, utilizando a margem oposta a que abriga a administração da Codern tem a intenção de atender à atual demanda do Rio Grande do Norte, melhorando a logística de escoamento da produção, em particular, relativa a itens comercializados com outros países. Segundo Safieh, Não há previsões para que as obras tenham início e o documento que existe hoje é uma espécie de esboço, para que os debates em torno do projeto sejam possíveis.
Safieh ressalta considerar que os planos da Codern são muito bem fundamentados e devem contemplar um equipamento extremamente necessário para o desenvolvimento da economia potiguar. Para que o processo de execução corra de maneira tranquila, ele afirma ser preciso realizar um debate com a sociedade, para que fique clara a necessidade da ampliação. “Também queremos mostrar que a Codern não pretende tomar decisões e impor o que ficar estabelecido. Queremos um processo que seja socialmente justificável e economicamente útil, para melhorar a qualidade de vida norte-riograndense”, conta.
A intenção da Codern é erguer 600 metros de cais, uma retroárea com 300 metros de largura, realizar uma nova dragagem no canal do Potengi – para que a profundidade passe para 17 metros – e 400 quilômetros de ferrovias, além de estradas de acesso.
Entretanto, a ampliação não irá inviabilizar a atual estrutura, nem acabar com a necessidade de integrar a área ocupada pela comunidade do Maruim ao pátio, para que seja possível abrigar um maior volume de conteineres do que atualmente. “A obra que pretendemos fazer será suficiente para atender ao estado por mais 20 ou 30 anos”, prevê.
Histórico
A ideia da ampliação do Porto de Natal, construindo na margem esquerda, foi lançada em 2009 e vem ganhando força. Desde o início de 2011, foram realizadas duas reuniões com o intuito de discutir a viabilidade do projeto.
Frete diminui competitividade dos empresários
O valor pago em frete para embarcar os produtos a serem exportados nos portos de Pecém (no Ceará) e Suape (em Pernambuco) termina por fazer com que os empresários potiguares não sejam competitivos, em relação aos dos outros estados.
O diretor técnico-comercial da Codern, Hanna Safieh, diz que a diferença de logística entre os estados, faz com que o Rio Grande do Norte fique em desvantagem. “Se o empresário paga um frete maior, ele tem menos lucro, consequentemente, menos competitividade e está destinado a sumir. A lei da economia funciona assim”, exemplifica.
De acordo com Safieh, isso ocorre porque os empresários potiguares precisem mandar seus contêineres pelas estradas até os portos de outros estados, para que os produtos sejam exportados. Assim, com a ampliação do Porto de Natal, os custos seriam reduzidos drasticamente. “Hoje, algumas indústrias pagam cerca de R$ 14 milhões por ano, apenas com o transporte pelas rodovias até o porto de outro estado. Isso é uma grande desvantagem”, afirma.
Na visão de Safieh, o melhor meio de transporte, em relação ao custo do frete, é por meio de ferrovias. Por isso, complementando o projeto da margem esquerda do Potengi, deverá haver uma ferrovia, ligando os centros produtivos do nosso estado com os centros de escoamento, ou seja, o porto e o aeroporto. “O porto na margem esquerda será bem próximo ao Aeroporto de São Gonçalo, ficando a no máximo 10 quilômetros de distância. Assim, iriam se complementar, de uma forma fantástica”, ressalta.
Fonte: Tribuna do Norte (RN) Natal/Sílvia Ribeiro Dantas
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