Além do comportamento dos preços, os produtores de Mato Grosso estão preocupados com o tipo de transporte utilizado para levar o produto até o destino final. O modal mais utilizado em Mato Grosso é o rodoviário, responsável por encarecer o preço da mercadoria. Para isso, os setores produtivos mato-grossenses reivindicam investimentos nos modais fluvial e ferroviário, que poderiam reduzir pela metade os custos com transporte.
O coordenador da Comissão de Logística da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), Marcos da Rosa, ressalta que o setor novamente enfrentará entraves para exportar os grãos. "Com a previsão de aumento da produção da soja, associada às condições dos portos do país, certamente iremos sofrer com as filas, os atrasos, sem contar com as chuvas que devem contribuir para o aumento de buracos nas estradas. Essas situações previsíveis aumentam o custo para escoar a produção". Além disso, Marcos da Rosa destaca que os portos não receberam investimentos para melhorar a estrutura. "Não houve modernização. Isso implicará em filas para descarregar a produção". Segundo ele, o setor produtivo de Mato Grosso necessita urgentemente de outros modais de transporte. As hidrovias seriam as melhores alternativas. "Enquanto pagamos cerca de US$ 120 por tonelada para transportar os produtos pelas rodovias, iríamos gastar US$ 30 usando os rios".
O presidente da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), Carlos Ernesto Augustin, conta que o transporte do algodão produzido em Mato Grosso é feito por rodovia. A maior parte da produção é destinada às indústrias localizadas em São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, além do Nordeste brasileiro. Outra parte é exportada. Pouco fica no Estado para abastecer 3 indústrias de confecção.
Segundo Augustin, o custo do frete representa 10% do preço do produto. "As hidrovias, embora sejam mais caras para serem construídas, seriam a melhor opção para levar o produto de Mato Grosso a outros mercados. Com isso, teríamos competitividade com outros estados que não têm problemas com o alto custo do frete porque há variedade de modais".
O diretor geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antônio Pagot, ressalta que haverá mais variedade de modais em Mato Grosso. Ele ressalta, entretanto, que essa opção ficará acessível a longo prazo. "Temos que construir as usinas e as eclusas e conseguir as autorizações para a navegação nos rios". Ele destaca que as hidrovias Paraguai/Paraná e Teles Pires/Tapajós são as mais viáveis para transportar a produção mato-grossense. "Mas levaríamos de 8 a 12 anos para tornar isso possível".
Outro modal de transporte que poderia reduzir o custo do frete é o ferroviário. Pagot, destaca que a chegada dos trilhos até Rondonópolis previsto para 2012 irá proporcionar mais autonomia para a economia de Mato Grosso. O diretor geral do Dnit ainda lembra a utilização das rodovias. "A BR 163, que liga Rondonópolis a Sinop, foi duplicada. Além disso, as BRs 364 e 158 estão totalmente recapeadas".
Fonte: Gazeta Digital
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