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Complexo de Barra do Furado sai do papel

O complexo industrial e portuário de Barra do Furado, no Rio de Janeiro, um projeto que se arrastava há 12 anos com poucos progressos, deu um passo decisivo esta semana com a assinatura de contrato entre os municípios de Quissamã e Campos dos Goytacazes, norte do Estado, e as construtoras Odebrecht, OAS e Queiróz Galvão para obras de dragagem e estabilização do canal de acesso à área do complexo. Orçadas em R$ 132 milhões, as obras têm prazo de 20 meses e devem ser parcialmente financiadas com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento 2 (PAC-2). O contrato foi assinado no estande dos dois municípios da feira Rio Oil & Gas.

Juntamente com o contrato para as obras de infraestrutura foram ratificados termos de compromissos assinados há quatro anos com as empresas Edison Chouest, Alupar (grupo Alusa), Estaleiro STX (associação da STX coreana com o grupo do antigo estaleiro carioca Promar) e Estaleiro Ilha S.A. (Eisa) para a construção no local de bases de apoio à indústria de petróleo no mar (offshore) e para a construção de dois estaleiros especializados em construir embarcações de apoio à indústria offshore. Segundo Haroldo Cunha Carneiro e Eraldo Bacelar, respectivamente, secretários de Desenvolvimento Econômico de Quissamã e de Campos, as quatro empresas se comprometeram a construir suas unidades em dois anos, representando investimentos totais de aproximadamente R$ 1 bilhão.

O projeto fica localizado na divisa entre os dois municípios, a cerca de 100 quilômetros dos principais campos de petróleo marítimos da Bacia de Campos (RJ). As instalações industriais e portuárias ficarão localizadas na parte interna do canal das Flexas, na Barra do Furado, que liga a lagoa Feia (segunda maior de água doce do Brasil) ao mar. A construção de um molhe na barra do canal provocou o deslocamento da areia de um lado para outro, quase extinguindo uma praia em Campos e ampliando sua correspondente do lado de Quissamã, sem resolver o problema de assoreamento do canal.

A obra contratada aos consórcios das três construtoras vai resolver os dois problemas. O canal será dragado para nove metros na boca e para sete metros no interior e um processo tecnológico importado da Austrália permitirá a transposição da areia de um lado para o outro, reconstituindo as praias originais e mantendo a profundidade do canal, essencial para o tráfego de embarcações. A licitação para outra obra, orçada em R$ 32 milhões, está sendo conduzida pelo município de Quissamã com o objetivo de reconstituir e ampliar o molhe de pedras que dá sustentação às margens do canal. Na nova configuração, o molhe avançará 130 metros mar adentro.

Segundo os dois secretários, a obra de dragagem e estabilização está dividida na proporção de 70% para Campos e 30% para Quissamã. Eles disseram também que no orçamento da União para 2011 está prevista a destinação de R$ 54 milhões do PAC-2, mas acrescentaram que os municípios irão iniciar os trabalhos independentemente de confirmação dos recursos federais. Já a obra de reconstituição do molhe, que tem abertura de envelopes prevista para outubro, deverá ser dividida entre Quissamã (R$ 12 milhões) e o governo do Estado (R$ 20 milhões), segundo informou o secretário Carneiro.

O projeto de Barra do Furado foi elaborado como uma saída econômica para uma das regiões mais pobres do Estado do Rio de Janeiro e pode transformar-se na principal alternativa ao já saturado porto de Imbitiba, em Macaé, hoje a principal base de apoio às operações offshore no Brasil. Segundo Carneiro, atualmente as embarcações de apoio já enfrentam filas de até três dias para atracar em Macaé. Ele disse que o terminal de Barra do Furado terá 11 berços de atracação, contra apenas 4 em Macaé, cidade localizada a 50 quilômetros do local do projeto.

Além disso, Barra do Furado, hoje apenas um pequeno povoado voltado para incipiente turismo e a pesca, fica a apenas 40 quilômetros do complexo industrial e portuário de grande porte que o empresário Eike Batista está construindo na localidade de Açu, município de São João da Barra, também no Norte Fluminense.

Fonte: Valor Econômico/Chico Santos | Do Rio


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