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Comunidade da zona portuária rejeita proposta de revitalização da prefeitura do Rio

Agência Brasil
Rio de Janeiro - O projeto de revitalização da zona portuária da capital fluminense não beneficia os moradores da região. Essa foi a conclusão do debate sobre a proposta de reforma elaborada pela prefeitura, discutida nesta sexta-feira (26), último dia do Fórum Social Urbano, organizado por movimentos sociais, em um espaço comunitário, na zona portuária.
Morador do Morro da Conceição, o arquiteto Antônio Agenor Barbosa, que também é líder comunitário, questiona o interesse de grandes empresários na região e a ideia da prefeitura de vender terrenos na Bolsa de Valores, impossibilitando a compra pelas camadas populares. Ele chamou a atenção para ausência de áreas públicas no projeto, ciclovias e moradias populares e cobrou estudo para o potencial da região, que justifique a instalação de um escola técnica de gastronomia.
“Essas propostas não levaram em conta nossa opinião. Ninguém perguntou se queríamos um curso de gastronomia, quando nossa vocação é para o trabalho no porto. Da maneira vertical e até ditatorial como o projeto nos é apresentado, eles abrem espaço para processo de “civilização”, com a expulsão de moradores, tal qual no século passado”, disse Barbosa.
A arquiteta Helena Galiza, uma das organizadoras do Fórum Social Urbano e que participou do debate, lembrou que a prefeitura apresentou parte do projeto inicial, em uma audiência pública, em meados de 2009, solicitada pelo Ministério Público Federal, mas não aceitou as alterações no projeto.
“Nós ficamos sabendo das coisas pelo jornal. Um exemplo é o Píer Mauá, que já foi praça, já foi parque, área para eventos e não sei mais o quê”, completou Barbosa.
Uma das coordenadoras da ocupação Quilombo das Guerreiras, com cerca de 40 famílias e há quatro anos na região, a sem-teto Ângela Morais também critica a alternativa de remoção para zona oeste, mesmo com a possibilidade de indenização por parte do governo. Ela avaliou que a proximidade com o centro facilita o acesso ao transporte público, empregos e serviços públicos.
“Por que os pobres têm que ficar longe de tudo [escolas, hospitais e teatros]? Em algumas cidades, é a classe média que mora na periferia, porque tem um carro para chegar ao trabalho e não vai ficar duas horas na Avenida Brasil”, afirmou. Segundo Ângela, transferir moradores para áreas sem infraestrutura e com altos índice de violência é inaceitável.
O representante dos remanescente do Quilombo da Pedra do Sal (Arquipedra), Damião Braga, diz que a administração não consultou os moradores do bairro, entre os quais os quilombolas, para inserir a instalação de escolas de ensino médio, equipamentos de cultura e lazer. Segundo Braga, as favelas da região são tratadas como áreas isoladas, com a possibilidade de serem removidas.

Fonte: JC


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