Gerar energia a partir do movimento das ondas já é uma realidade no Brasil. É assim que o Instituto Adalberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe/UFRJ) vê seu protótipo, com 100 kW de capacidade, operando em fase de testes, no Porto do Pecém, no Ceará. O desafio, para o futuro, é provar que a tecnologia patenteada pela instituição de pesquisa pode ser viável comercialmente.
De forte apelo ambiental, por ter impacto praticamente zero, a geração a partir deste tipo de tecnologia custa quatro vezes mais do que a geração hidrelétrica e duas vezes mais, em média, do que a geração eólica. Mas, segundo a Coppe, o custo de geração pode diminuir conforme o aumento da capacidade instalada. Baseado em estudos conduzidos em outros países, a instituição estima que o custo médio da geração oceânica cai bastante para uma capacidade instalada de 10 MW.
Para reduzir o custo de produção, algumas barreiras precisam ser transpostas. Um primeiro passo é aperfeiçoar os equipamentos e introduzir sistemas de controle que façam a geração ser mais eficiente. O outro é a escolha de um local com maior potencial energético. Nesse sentido, o ideal é que se encontre uma maneira de instalar o projeto a uma distância maior da costa.
"Um passo importante é instalar essa usina fora da linha de costa. Hoje ela está no Porto de Pecém, o que faz com que, como está num quebra-mar, tenha perdas", afirma o diretor de tecnologia e inovação da Coppe/UFRJ, Segen Estefen. Hoje, uma empresa da incubadora da UFRJ desenvolve um dispositivo que permite o afastamento da usina a cerca de 200 metros da costa.
Há negociações em curso com Furnas para financiar o desenvolvimento desse dispositivo. A diretora de planejamento, gestão de negócios e de participações da Eletrobras Furnas, Olga Simbalista, confirmou que a empresa procurou a Coppe/UFRJ para tratar do assunto.
Estefen prevê que a tecnologia será viável comercialmente por volta de 2020, igualando o seu custo de geração ao das eólicas offshore, depois que todas essas questões sejam resolvidas. Para a instalação da usina de Pecém foram investidos cerca de R$ 15 milhões pela Tractebel com recursos do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel - pelo qual as concessionárias têm de investir um percentual de sua receita líquida em inovação - com contra partida do governo do Estado do Ceará.
Fonte: Valor / Carlos Silva
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