A obra de dragagem do Porto de Natal, que está parada por falta de equipamento para executar o serviço, deverá ser retomada este mês e concluída até março deste ano - com mais de um ano de atraso. A projeção para o reinício é do presidente da Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern), que administra o porto, Emerson Fernandes. Segundo ele, 97% da dragagem foi concluída.
Júnior SantosA expectativa é que a obra aumente a capacidade do Porto de Natal para receber navios de cargas e os que trazem turistas à cidadeA expectativa é que a obra aumente a capacidade do Porto de Natal para receber navios de cargas e os que trazem turistas à cidade
O serviço vem sendo executado pela Bandeirantes Dragagem e Construção desde junho de 2010. Pelo projeto, a empresa deveria aumentar de 10 metros para 12,5 metros o canal de acesso ao porto, o que já foi feito, segundo Emerson Fernandes. "O patamar que temos hoje permite que usemos todo o canal com 12,5 metros. Esses 3% restantes vão agora tornar o canal mais largo. Mas, na prática, já existe a capacidade para receber navios maiores", disse. Quando o governo federal liberou a ordem de serviço do projeto, em junho de 2010, o prazo previsto para a conclusão era de cinco meses. Mas o prazo não foi cumprido e diversos outros foram anunciados.
Ontem, um pedido de licença ambiental publicado no Diário Oficial do Estado sinalizou que a conclusão pode estar mais próxima.
OBRA
O objetivo da obra é ampliar a profundidade do canal de acesso ao porto, permitindo que receba navios maiores e que, por consequência, passe a movimentar um volume maior de cargas e a receber navios turísticos de maior porte.
A draga francesa La Belle, que deu início aos trabalhos, chegou ao porto em maio de 2010, começou a operar em junho, mas acabou encalhando em agosto do mesmo ano e cerca de um mês depois foi substituída. Desde então, vários prazos de conclusão foram divulgados pela Codern e a Secretaria dos Portos, que é vinculada á Presidência da República e foi responsável pela licitação.
De acordo com o presidente da Codern, o atraso não está relacionado, entretanto, ao encalhe da draga, mas à falta de equipamento da empresa contratada, que desenvolve uma obra semelhante em Fortaleza (CE). "A empresa só tinha equipamento para fazer uma (obra) de cada vez. Terminou lá (no Ceará) e vai fazer a nossa. Essa fase da obra é mais específica e o equipamento é único", explica.
A conclusão da dragagem é um passo importante para a implantação da cabotagem no Porto de Natal, que também foi anunciada diversas vezes, mas não chegou a sair do papel. A cabotagem é o transporte marítimo de mercadorias entre portos do mesmo país. Se implantado, ajudaria a baixar os custos dos produtores e deixaria os produtos do estado mais competitivos.
"Estamos trabalhando em relação a isso. Mas (a implantação) não depende só da Codern. Depende também de legislação que exige que as empresas que trabalham na cabotagem sejam nacionais", diz Fernandes. Uma possível flexibilização, segundo ele, permitiria que a francesa CMA CGM, que transporta as mercadorias que saem do porto para outros países, passasse também a fazer a movimentação entre portos nacionais. Empresas brasileiras que atuam no setor também têm, entretanto, demonstrado interesse na operação, segundo afirma. "Já tivemos reuniões sobre isso, inclusive. E temos o desejo de começar a cabotagem ainda este ano", frisa.
SAIBA MAIS
A licitação para a obra de dragagem no Porto de Natal e derrocagem na barra do rio Potengi foi concluída em abril de 2010 tendo como vencedora a empresa Bandeirantes Dragagem, que também foi responsável pela primeira dragagem realizada no porto, em 1997. Na época, a profundidade foi ampliada de 8 metros para 10 metros, o que permitiu ao porto quadruplicar o volume de cargas movimentada, que não passava de 100 mil toneladas/ano. Em 2010, a empresa foi contratada para aumentar a profundidade do rio Potengi, além de deixar sua entrada mais larga, facilitando a entrada e a manobra dos navios. O processo de licitação foi desenvolvido pela Secretaria Especial dos Portos. Com as modificações, a profundidade do Potengi passa de 10 metros para 12,5 metros e a largura do canal de acesso das embarcações de 100 metros nas partes retilíneas e 120 metros nas curvas, para 120 metros e 150 metros, respectivamente. A obra está orçada em R$ 34,4 milhões. Os recursos são do programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Fonte: Tribuna do Norte (RN) Natal/Renata Moura - Editora de Economia
PUBLICIDADE