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EcoRodovias busca espaço em portos e aeroportos

A EcoRodovias planeja ampliar sua presença logística e deixar de controlar "apenas" a parte rodoviária do trajeto da carga. A holding - que administra concessões rodoviárias, pátios reguladores e estações aduaneiras, entre outros - está com o radar ligado para, finalmente, operar porto e aeroporto, os dois limites físicos de sua atuação. Há dois anos a EcoRodovias disputou a compra de parte do terminal Embraport, no porto de Santos, mas quem acabou levando o controle foi a Odebrecht em sociedade com a operadora portuária internacional Dubai Ports World.

"A nós interessa uma presença no porto. Nós já temos o ativo de acesso intermediário, criamos um ativo de suporte e operações logísticas, e já somos um parceiro estratégico de todos os terminais operadores de cais", explica o diretor de Desenvolvimento de Negócios, Dario Rais Lopes, ex-secretário estadual de Transportes de São Paulo no segundo mandato do governador Geraldo Alckmin (2003-2007)

A entrada no segmento de operação portuária de contêineres poderá ser tanto como parceiro estratégico de algum grupo já presente em Santos ou sozinho, limita-se a dizer o executivo. Lopes não sinaliza em quanto tempo o negócio se viabilizará ou qual das margens do canal de navegação do porto (Santos ou Guarujá) é o foco. O grupo tem capital aberto na Bolsa de Valores de São Paulo e registrou lucro líquido de R$ 594 milhões no ano passado. A empresa é controlada pela Primav Construções e Comércio, pertencente ao grupo CR Almeida. A carteira de ativos é composta por cinco concessões rodoviárias e 17 instalações de logística, formadas pelos ecopátios Cubatão, Imigrantes e Viracopos e duas unidades da Armazéns Gerais Columbia e EADI Sul.

Especificamente no que tange à rede diretamente ligada ao porto de Santos, a EcoRodovias conta com o Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI) e duas unidades na zona primária do porto. São elas o pátio de carretas em Cubatão (SP), que regula o tráfego com destino ao porto; e a Columbia, centro logístico industrial aduaneiro (Clia) de Santos onde a carga é preparada antes do embarque no navio. Tanto o Ecopátio de Cubatão como o Clia Santos também operam como depósito de contêineres vazios.

"Ao passarmos a estudar o processo de logística nesses corredores voltados a portos é que vimos a possibilidade de concentrar os serviços. Hoje nos pátios temos a possibilidade de ter uma concentração no número de movimentos de contêiner e isso faz com que haja redução de custos", explica Lopes.

Apesar de essa estrutura fazer parecer lógico que o grupo evolua para a água, o executivo avalia que essa expansão pode ser um processo feito com "bastante tranquilidade". Em particular no caso do porto de Santos, em que há uma carência brutal por áreas retroportuárias. "Podemos entrar nesse segmento primeiro como um parceiro estratégico diferenciado de qualquer operador de cais que já exista. A necessidade de retroáreas é um fator crítico de sucesso em qualquer política estratégica que você disputa com qualquer grupo envolvido no comércio exterior brasileiro".

Atualmente o grupo trabalha na expansão do ecopátios Cubatão e Imigrantes, e na construção do de Viracopos. Estes serão maiores que o tamanho original da unidade de Cubatão, que tem entre cerca de 400 mil e 500 mil metros quadrados, área hoje considerada insuficiente para movimentar o volume de cargas esperado pelos clientes. Atualmente a empresa começa a fazer o planejamento do Ecopátio Vale do Paraíba.

Em relação à operação aeroportuária, Lopes é mais cauteloso. A preocupação é a forma como o governo está propondo a desestatização às pressas, para atender a demanda iminente de Copa do Mundo e Olimpíada. "O evento não pode comprometer o negócio. Ao fazer o processo de desestatização simplesmente para melhorar uma capacidade você pode esquecer elementos que permitam que essa infraestrutura atue como a indutora do transporte. Nós temos o foco de Viracopos, mas temos a preocupação de que o processo talvez não seja desenhado da maneira que permita uma exploração ampla, na sua potencialidade."

Fonte: Valor Econômico/Fernanda Pires | Para o Valor, de Santos


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