O setor de transportes está correndo contra o tempo para encaminhar o financiamento de caminhões a 5,5% ao ano. O governo federal e o Bndes ainda não sinalizaram a prorrogação da linha Finame PSI, que reduziu e unificou as taxas de juros cobradas. A gerente-executiva da Unidade de Desenvolvimento do Banrisul, Cíntia León, explica que, apesar de a extinção da modalidade estar prevista para o dia 31 de agosto, o protocolo de pedidos no banco de fomento encerra antes. “No Banrisul só encaminhamos os pedidos recebidos até a sexta-feira, dia 17. ”
Cíntia estima que a demanda por veículos novos e equipamentos industriais (que também podem ser enquadrados nessa condição de 5,5% ao ano) ainda é muito grande e justificaria a manutenção do PSI. “Muita gente correu para renovar a frota e o maquinário agora, com o juro reduzido. Mas quem demorou a se organizar, vai ficar de fora”, disse.
O PSI, criado em 2009, foi prorrogado quatro vezes e foi mudando o custo financeiro e as formas de enquadramento a cada versão. A melhor, na avaliação de Cíntia, foi a que, em 23 de maio, unificou as taxas em 5,5%, independentemente do porte da empresa tomadora. “Fora do PSI, essa taxa para financiamento de ônibus e caminhões vai para 7,3% e as linhas para máquinas e equipamentos ficam em 7,7%”, detalhou.
Nos quase três meses de disponibilidade da linha unificada, foi grande a procura, sobretudo de empresas transportadoras de grande porte, que normalmente pagariam juros maiores para renovar a frota. A corrida foi feita, inclusive, pelo presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística do Rio Grande do Sul (Setcergs), José Carlos Silvano. Ele atendeu ao pedido de entrevista do Jornal do Comércio quando fechava a compra de três veículos. “Nesse momento estou tirando o pedido de equipamentos para aproveitar essa condição. Pagamos juros muito caros para investimentos no Brasil, são os mais caros do mundo. Por isso, entendemos que o governo deveria não só manter, mas reduzir a taxa do PSI para a compra de caminhões, máquinas e equipamentos industriais. No momento em que o governo quer destravar a economia, é um contrassenso reduzir as opções de compra facilitada de equipamentos”, disse.
Silvano lembrou que o comércio de caminhões gera empregos na indústria que produz os veículos e no setor logístico. “Temos uma Câmara de Logística que postula não só a manutenção do PSI, como a redução das taxas de juros, sobretudo para pequenas e médias empresas, além de outras desonerações. Queremos que o transporte rodoviário receba os incentivos que os transportes marítimo e aéreo receberam.”
Também a cadeia produtiva do aço está mobilizada pela manutenção da linha do PSI para caminhões. O presidente da Associação do Aço no Rio Grande do Sul, José Antônio Martins, terá uma reunião nesta semana com a superintendência do Finame, no Bndes, para tratar da questão. “Recentemente conversei com o ministro do Desenvolvimento (Fernando Pimentel) e apresentei a demanda da indústria. Mas não há nada definido ainda.”
Martins demonstrou confiança na prorrogação do PSI como está, como forma de fazer frente à crise enfrentada pela indústria de veículos comerciais. A produção de caminhões, lembrou ele, caiu 40% nesse ano em função da troca do padrão de motorização. Chassis com motor padrão Euro 3 só puderam ser produzidos até 31 de dezembro de 2011. A partir de janeiro de 2012, o Brasil só autoriza a fabricação de caminhões com motores Euro 5, menos poluentes. Com isso, parte do mercado antecipou as compras e muitos postergaram a decisão de compra.
Fonte: Jornal do Commercio/RS / Clarisse de Freitas
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