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Entrada em operação de Itapoá acirra disputa por cargas na região

Com mais de 90% das obras de cais e berços concluídas, o Porto de Itapoá, no extremo Norte do litoral de Santa Catarina, está com tudo pronto começar a operar no dia 22 de dezembro. Os investimentos de R$ 475 milhões em uma obra que levou cerca de dois anos para ser concluída esbarram apenas no prazo de entrega da SC-415. A estrada de acesso ao terminal portuário vai encurtar em 14 quilômetros o acesso ao terminal, mas ainda está em fase de obras.

Ainda assim, a expectativa do superintendente do Tecon Santa Catarina, Gabriel Ribeiro Vieira, é de que até o fim de janeiro a estrutura esteja pronta para começar a operar. Com foco na movimentação de contêineres, o novo porto parte de uma capacidade para movimentar 500 mil TEU's por ano (unidade de contêineres de 20 pés). A profundidade natural de 16 metros, que permite receber grande embarcações, é uma característica que deve ajudar o porto de Itapoá a atingir a movimentação esperada no prazo de um ano após o começo da operação.

Vieira diz que tem recebido armadores interessados em operar no novo porto, mas que por enquanto nenhum contrato comercial foi fechado. Segundo o superintendente, ainda há a necessidade de instalar os serviços alfandegário e de cadastramento no ISPS, um código internacional que confere mais segurança à operação dos portos. "Em mais trinta dias devemos ter uma posição mais definida sobre estes prazos", explica.

A determinação inicial é de que a Receita Federal e o Ministério da Agricultura, instalados no porto de São Francisco do Sul, a cerca de 120 quilômetros por via terrestre de Itapoá, atendam o novo porto. Os dois terminais ocupam as águas da Baía da Babitonga e é possível enxergar a movimentação de navios que chegam a São Francisco das margens de Itapoá.

Em Santa Catarina, o complexo portuário de Itajaí é hoje o principal ponto de movimentação de cargas em contêineres

A proximidade com outros dois portos - além de São Francisco do Sul, Paranaguá, no Paraná, está cerca de 80 quilômetros de distância pelo mar - não causa preocupação quanto à possível falta de demanda. "Há espaço para todo mundo", resume o superintendente de Itapoá.

O empreendimento do Tecon Santa Catarina, em Itapoá, é formado pela parceria entre o grupo Aliança e Hamburg Süd, com 30% de capital, e a Portinvest, com 70%. Já a Portinvest é composta por 60% de capital do grupo Batistella e 40% do Fundo de Logística Brasil (FIP), administrado pela BRZ Investimentos. Segundo Vieira, a carga frigorificada poderá responder por 40% da movimentação de contêineres já no primeiro ano.

Para isso, o projeto do porto de Itapoá possui 1.380 tomadas reefers (usadas como fonte de eletricidade para os contêineres refrigerados). Além das carnes e derivados, o superintendente acredita que a vocação do Terminal Santa Catarina siga uma linha muito semelhante a movimentada pelos outros quatro portos em operação no Estado: madeira e móveis, peças e produtos da indústria metal-mecânica, produtos têxteis, frutas e fumo.

O Batistella deve operar as cargas de seu braço madeireiro no porto de Itapoá. O grupo possui empresa de reflorestamento e fabricação de painéis e placas de madeira, parte vendida para o exterior. A Hamburg Süd, que também é acionista, deve concentrar suas rotas que passam na região no terminal.

Segundo o superintendente do porto, são oito serviços semanais mantidos pela Hamburg Süd na região. "No médio prazo, todas as linhas terão concentração aqui, inclusive alguns serviços de cabotagem", diz.

Em Santa Catarina, o complexo portuário de Itajaí é hoje o principal ponto de movimentação de cargas em contêineres. Mesmo com o período de recuperação de berços e dragagem do canal de acesso em função das chuvas de novembro de 2008, a expectativa é que o complexo alcance a movimentação de 1 milhão de TEU's este ano.

Em todo o Estado, há investimentos para a ampliação da profundidade e melhorias nos berços portuários. Atento ao movimento, Paranaguá, no Paraná, também anunciou investimentos de R$ 141 milhões para ampliar a capacidade em 50%.

Para o vice-presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), Glauco Côrte, a expectativa é que o Estado se capacite como um complexo portuário muito representativo no país. Segundo o dirigente, hoje cerca de 15% dos contêineres exportados por Santa Catarina vem via terrestre de outros Estados e a expectativa é de que esse número seja ampliado com a inauguração de Itapoá.

"O porto de Itapoá está estrategicamente bem posicionado e deve tornar-se uma alternativa para o Paraná e para São Paulo, que já opera com portos muito congestionados", diz. O crescimento acima do esperado na movimentação de cargas, puxado por movimento de importações, câmbio e benefícios como o Pró-Emprego, gera um ambiente de otimismo para o setor. Apesar disso, Côrte anuncia que seriam necessários R$ 400 milhões em investimentos em rodovias e ferrovias para complementar o aspecto logístico no Estado. "Hoje a cada R$ 100 faturados, deixamos de 18 a 20 em logística, enquanto nos Estados Unidos, este custo é de 9 a 10."

Fonte: Valor Econômico/Júlia Pitthan | De Itapoá (SC)

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