A estiagem que afeta uma grande parte do Brasil interrompeu a navegação num trecho da hidrovia Tietê-Paraná, que é usada no transporte de grãos para exportação. Mais de três mil trabalhadores foram demitidos, este ano.
O cenário é de abandono. A estrutura montada à beira do Rio Paranaíba, em Goiás, para escoar soja, está sem funcionar desde maio deste ano.
Em um trecho da hidrovia ainda é possível navegar. O problema está a 300 quilômetros deste ponto, já no interior de São Paulo. Lá as embarcações não conseguem passar. E é por este motivo que barcaças estão paradas em um porto no interior de Goiás. De nada adianta elas seguirem a hidrovia, se lá na frente elas não vão conseguir passar.
É em um trecho de 8 quilômetros, em Buritama, interior paulista, que a navegação está proibida. A 30 centímetros da lâmina d'água existe uma grande rocha que pode cortar o casco das embarcações. Empresas que operam na hidrovia esperam uma medida urgente.
“A solução seria fazer o derrocamento, ou seja, dinamitar a pedra que existe hoje, um maciço rochoso em uma extensão de 600 metros, aproximadamente. Isso seria suficiente para reestabelecer a navegação", afirma José Gheller, diretor de engenharia.
Impedidas de transportar pelo rio, as empresas estão demitindo. A fábrica que produz barcaças no interior de São Paulo suspendeu as atividades em maio. A pedra no meio do Rio Tietê também obrigou as empresas que exportam grãos a se adaptarem.
Uma cena atípica em São Simão, no interior de Goiás: caminhões - mais de 100 no total - estão aguardando para carregar farelo de soja e seguir para o Porto de Santos. Desde 1996, quando a empresa se instalou na cidade, ela sempre usou a hidrovia para fazer o transporte do farelo.
Antes, pelo rio, a empresa mandava, em um único comboio, 6 mil toneladas de farelo de soja. Agora precisa de 200 carretas para levar a mesma quantidade. O custo com o frete e combustível aumentou.
"O custo para carregar pela rodovia é 40% acima do que se a gente carregasse pela hidrovia”, destaca Guilherme Mortoza, gerente industrial.
O Departamento Hidroviário de São Paulo declarou que a licitação para demolir a rocha citada na reportagem está marcada. Mas que a navegação continuaria impedida, mesmo se essa obra já tivesse sido realizada, porque o nível mínimo do reservatório da Usina de Três Irmãos, no Rio Tietê, não tem sido mantido.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico não quis se manifestar sobre o assunto.
Fonte: Jornal Floripa
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