Receba notícias em seu email

Navalshore

Expectativa adiada

Fornecedores de equipamentos de movimentação de contêineres e carga geral aguardam licitações de novos terminais - O atraso das licitações de novos terminais portuários anunciadas pelo governo diminuiu as expectativas dos fornecedores de equipamentos de movimentação de contêineres e carga geral. A indefinição fez com que os clientes adiassem a prospecção dos bens que, apesar de desfrutarem do regime especial de compra, requerem alto investimento. Ainda assim, os fornecedores não se sentem totalmente frustrados com o adiamento de novos projetos. As vendas se mantêm aquecidas por conta da demanda de modernização dos equipamentos nos terminais privados em operação.


PUBLICIDADE



As empresas enxergavam positivamente a sinalização do governo e havia boa expectativa para as vendas de 2013 em razão do arrendamento de novas áreas prometido pelo governo no lançamento do Programa de Investimentos em Logística – Portos, em dezembro de 2012. O primeiro bloco de licitações, com 29 áreas entre Santos e Pará, vem sofrendo sucessivos adiamentos. Devido a questionamentos do Tribunal de Contas da União (TCU), o governo não conseguiu licitar o bloco em 2013 como pretendia e ainda não tem uma data para realização dos certames.

O diretor da Terminal Full Dealer (TFD Brasil), João Cagnoni, avalia que a legislação e os projetos de novos terminais anunciados pelo governo ainda continuam confundindo e gerando grandes discussões entre os operadores portuários do Brasil. Ele lembra que os atrasos nas licitações afetam diretamente os investimentos em equipamentos. A despeito disso, ele destaca que os terminais em funcionamento e os operadores portuários nos portos públicos seguem investindo cada vez mais em seus projetos já existentes.

A TFD Brasil comemora o resultado positivo em seu primeiro ano de operação como representante da Terex no Brasil. A empresa atua em toda a linha portuária do grupo Terex, vendendo desde empilhadeiras de contêiner vazio até guindastes móveis sobre pneus (RTG’s), novos e usados. A empresa destaca a conquista de encomenda de 12 RTGs para o grupo Libra.

Com relação aos RTGs e pórticos sobre trilhos (RMGs) para movimentação de contêineres, Cagnoni conta que houve um grande interesse dos clientes em 2013 e que a procura continua em 2014, principalmente nos terminais de contêineres do Sul e do Sudeste. “Muitos desses terminais trabalhavam com MHC (guindaste portuário móvel de cais) e reachstackers e estão mudando para pórticos agora com o aumento da carga”, explica Cagnoni.

A diretora executiva da Tecnimport Equipamentos e Serviços, Alba Regina Marcondes, também ressalta que os terminais em operação estão fazendo investimentos em modernização e equipamentos. Ela acrescenta que, apesar de as novas licitações não terem sido executadas, há boas perspectivas de vendas para a área portuária.

A Tecnimport atua nas áreas de movimentação de cargas, mineração, grandes estruturas, estaleiros e offshore. A empresa é representante exclusiva da chinesa ZPMC no Brasil. Uma das maiores fabricantes de equipamentos de movimentação portuária do mundo, a ZPMC dispõe de uma série de produtos de alta capacidade e possui navios próprios para transporte e entrega dos equipamentos já montados.

Em março de 2013, a Brasil Terminal Portuário (BTP) recebeu o quinto e último lote de equipamentos adquiridos da empresa ZPMC, da China. Na ocasião, o navio Zen Hua 19 descarregou os dois últimos portêineres para uso no terminal, localizado na região da Alemoa, no porto de Santos. No total, a BTP adquiriu oito portêineres e 26 RTGs para o empreendimento. A empresa investiu cerca de US$ 85,4 milhões na compra dos equipamentos.

A Liebherr ainda não verificou impacto de demanda desde o anúncio de novos projetos, apesar de constatar uma visão de crescimento por parte de terminais privados. “A Liebherr enxerga um cenário de 2014 com possibilidade de crescimento e necessidade de modernização e investimento no setor, tanto em portos existentes como ampliação de áreas portuárias, investimentos nas áreas de transbordo, portos fluviais e estaleiros”, observa Angelo Telles, gerente comercial para guindastes marítimos da empresa no Brasil.

Os terminais privados apresentam a maior proporção de clientes da Liebherr. Telles conta que o fabricante apresenta uma relação de encomendas equilibrada em todo o país, distribuídas ao longo de todo o território brasileiro. A empresa alemã, com sede na Suíça, enxerga a região Norte do Brasil como área de grande potencial. Com este enfoque, tem buscado expandir seus negócios, sobretudo em portos fluviais. “Já temos parceiros há anos na região Norte e sempre há perspectivas de acompanhar o crescimento da região”, destaca Telles.

Cagnoni, da TFD Brasil, identifica a tendência de aumento nas vendas de guindastes portuários móveis de cais (MHCs) para projetos na área de granéis. A maior parte dessas oportunidades está nos estados das regiões Norte e Nordeste, onde os portos ainda têm grande potencial de crescimento. Em 2013, a TFD também vendeu um guindaste sobre pneus da linha Gottwald para a Vanzin Serviços Aduaneiros, em Rio Grande (RS), e o segundo guindaste móvel sobre pórtico para a Fospar Fertilizantes, no Paraná. Ambos os equipamentos operam granéis.

A Sany também aposta em projetos para as regiões norte e nordeste, sem perder o foco em portos de outras áreas. Lima conta que o foco da empresa está direcionado aos terminais secundários e na chamada venda industrial para operadores logísticos e indústrias que possuem demanda para compra ou aluguel de equipamentos portuários. O principal produto em prospecção é uma reachstacker com capacidade de empilhamento de contêiner até a 5ª altura. Segundo a Sany, existem mais de 20 unidades desse modelo em operação no Brasil, de Rio Grande (RS) a Barcarena (PA), cuja principal demanda está com os terminais secundários e operadores logísticos.

O diretor comercial e operacional da Rimac, Marcelo Vieira, relata que as vendas apresentaram queda nos seis primeiros meses de 2013, mas se recuperaram no segundo semestre, confirmando as expectativas do setor. Ele revela que o anúncio de novos projetos já trouxe algum impacto positivo nas vendas, porém não no volume esperado.

O executivo estima que há diversas empresas interessadas em investir, mas na ausência de regras claras ficam impossibilitadas de tomar decisões. Segundo Vieira, os entraves do governo para as novas licitações são o principal desafio para o crescimento da empresa. “As expectativas da Rimac e do setor para 2014 são boas, mas tivemos carnaval tardio, teremos copa do mundo e eleições. O mercado como um todo está apreensivo e esperamos que isso não repercuta em atrasos e cancelamentos de projetos”, diz Vieira.

A expectativa de vendas da Sany cresceu a partir do segundo semestre de 2013. As empresas passaram a consultar a filial brasileira da fabricante japonesa sobre a compra de equipamentos para novos projetos. “Nossos clientes voltaram a estudar a possibilidade de ampliação de frota ou mesmo novos investimentos”, conta o gerente de vendas sênior da Sany do Brasil, Elton Lima.

O primeiro trimestre de 2014 surpreendeu positivamente a Sany. Lima diz que a empresa recebeu consultas e realizou vendas para muitos projetos de curto prazo. Ele lembra que as vendas costumam ser mais lentas no início de ano já que muitos terminais e operadores logísticos optam pela parada de sua frota para manutenções preventivas, devido à menor demanda de serviços. “Realizamos importantes vendas neste período e nossas novas reachstackers já se encontram em plena operação”, comemora Lima.

Um dado importante é que os terminais de contêineres vêm batendo recordes de movimentação nos últimos anos, segundo a Associação Brasileira dos Terminais de Contêineres de Uso Público (Abratec). No ano de 2013, as 13 empresas afiliadas à entidade movimentaram 4.008.196 unidades.

— A movimentação de contêineres nos portos brasileiros tem alcançado volumes crescentes, o que é uma consequência natural e bem-vinda do incremento do processo de conteinerização que se verifica no mundo — afirma o presidente da Abratec, Sérgio Salomão. Ele lembra que a modernização dos terminais é um processo crescente e ininterrupto, que ocorre pela aquisição de modernos equipamentos, com a especialização da mão de obra e pela expansão de áreas, sobretudo berços de atracação e pátios.

Salomão cita oito empresas afiliadas à associação que já solicitaram autorização à Secretaria de Portos (SEP) para expansão das suas áreas, totalizando R$ 4 bilhões em investimentos: Sepetiba Tecon (RJ), Tecon Rio Grande (RS), Terminal de Contêineres de Paranaguá (PR), Tecon Santos (SP), Ecoporto Santos (SP), Terminal de Vila Velha (ES), Terminal Santa Catarina (SC) e Tecon Salvador (BA).

A ZPMC fornece equipamentos de grande porte ao setor portuário brasileiro desde as primeiras privatizações na década de 1990. No portfólio da empresa estão terminais do grupo Libra, no Rio de Janeiro e Santos, Multirio (RJ), Santos Brasil (SP), Grupo Wilson, Sons em Rio Grande (RS) e em Salvador (BA), TVV-Login (ES), Vale, Sepetiba (RJ), Petrobras, Imbituba (SC), Itajaí (SC), Suape (PE), Paranaguá (PR), Pecém, além dos terminais da Embraport e da BTP, em Santos.

A fabricante fornece desde carregadores e descarregadores de grãos e minérios até guindastes de pórtico (modelo Golias), portêineres e RTGs. A ZPMC patenteou um transtêiner (RTG) com bateria de lithium, de última geração, com grande economia na operação e sem poluição. “Tendo como representada a ZPMC, que está na vanguarda de novas tecnologias, nossas possibilidades são sempre ampliadas”, destaca Alba, da Tecnimport. Ela ressalta que a atual conjuntura demanda tecnologias com inovações. Segundo ela, a ZPMC atua forte neste campo, ligada a institutos tecnológicos mundiais de renome.

A Liebherr também vem apostando em equipamentos com alta produtividade, baixo consumo de combustível e emissão de poluentes reduzida, atendendo rigorosas normas para motorização a diesel. Os equipamentos possuem sistema que controla a rotação do motor a diesel, reduzindo em 25% a emissão de poluentes. Alguns modelos utilizam motorização elétrica. Outros sistemas permitem desde o aumento da velocidade de operação até a sincronização dos movimentos dos guindastes para aumentar a performance.

Uma das soluções trazida pela Liebherr em seus equipamentos permite a automatização dos processos de segurança, o processamento de dados de forma mais eficiente e o monitoramento de dados e funções do equipamento de forma remota. “Temos em nossos equipamentos a mais alta e eficiente tecnologia embarcada e disponível para operação portuária”, enfatiza Telles.

A Liebherr já forneceu — e está perto de entregar — vários tipos e portes de equipamentos portuários para o setor no Brasil, desde equipamentos móveis portuários, Ship to Shore, RTGs, guindaste fixo sobre coluna e guindaste sobre balsa. Telles observa uma tendência para equipamentos de maior porte (em capacidade e alcance) devido à atracação de navios cada vez maiores nos portos brasileiros. Esses equipamentos precisam atender com versatilidade a alta demanda da movimentação de contêineres.

Uma das novidades da Rimac para 2014 são as carretas portuárias para transporte de contêineres da marca Paletrans. De acordo com a Rimac, o equipamento já foi vendido para os terminais da MultiRio, Libra e TCP-Paranaguá, entre outros pedidos em carteira. As principais encomendas têm vindo de terminais e estaleiros. Componentes para guindastes portuários tais como spreaders e grabs, e terminal tractors, guindastes sobre esteiras e carretas especiais para transportes pesados/complexos estão entre os equipamentos mais vendidos pela Rimac. Criada em1995, a empresa comercializa equipamentos pesados para operação em portos, indústrias siderúrgicas, estaleiros e transportadoras de cargas especiais. A Rimac representa importantes fabricantes mundiais, como as marcas Bromma, Terberg, Kamag, Conductix, TML e SMAG.

Os 12 RTGs da Terex comercializados pela TFD para a Libra Rio são guindastes de pátio sobre pneus com acionamento elétrico. Cagnoni, da TFD, explica que o equipamento alcança maior economia na operação se comparado com o tradicional acionamento com motor diesel. Os guindastes virão totalmente montados e serão entregues no segundo semestre de 2014.

A TFD vendeu máquinas para movimentação de contêineres em pátios, como reachstackers de contêineres cheios e vazios, empilhadeiras tipo asa delta para contêineres vazios, além de máquinas para movimentação de sucata e descarga de barcaças fabricadas na Alemanha pela Terex Fuchs. A TFD aposta em disponibilizar pós-venda para que os equipamentos vendidos aos clientes operem sem interrupções. A estrutura inclui um estoque de peças nas estações de serviço da TFD e o treinamento dos técnicos nas fábricas da Terex.

Cagnoni, da TFD Brasil, diz que um dos diferenciais da empresa é a estrutura e o suporte da marca Terex. Entretanto, ele aponta que o crescimento do mercado de equipamentos portuários no Brasil ainda depende de uma legislação mais clara para o setor portuário e de um plano de novas concessões bem discutido entre autoridades e operadores portuários. Ele acrescenta a questão fiscal como outro grande impacto sobre os investimentos neste setor.

Um recurso importante para alavancar os investimentos pelos terminais é o Regime Tributário para Incentivo à Modernização e à Ampliação da Estrutura Portuária (Reporto), que beneficia a compra de equipamentos portuários com isenção de impostos. Cagnoni, da TFD, diz que o regime é mais que compensado com a geração de novos empregos, aumento da movimentação de carga nos portos brasileiros e consequentemente com o pagamento de mais impostos. “Seria interessante que o benefício do Reporto passasse a ser permanente e fosse estendido também a peças e componentes dos equipamentos, já que impactam muito no custo de manutenção de nossos clientes”, afirma Cagnoni.

Com o aumento da movimentação e a chegada de navios maiores, os equipamentos têm cada vez mais influência na produtividade dos terminais. Os navios de grande porte especializados no transporte de contêineres que já frequentam portos nacionais exigem capacitação tecnológica dos terminais para que sejam atendidos com velocidade operacional, já que são operados em regime de alta rotatividade. “Nesse contexto, o Reporto tem sido fundamental, pois permite a aquisição de modernos equipamentos com desoneração tributária”, ressalta Salomão, da Abratec.

Desde a edição do Reporto, que ocorreu no ano de 2004, as empresas afiliadas à Abratec já investiram US$ 650 milhões na aquisição de equipamentos especializados na movimentação de contêineres. Salomão avalia que o regime beneficiou o comércio exterior brasileiro e contribuiu para modernização tecnológica e operacional dos portos nacionais. “A validade atual do Reporto expira em 31 de dezembro de 2014, sendo esperada nova prorrogação por um período que será definido oportunamente pelo governo”, diz Salomão.

Para a Sany, o maior desafio nesse segmento nos próximos anos será aumentar a eficiência do pós-vendas no atendimento em serviços e peças. Outro desafio, segundo Lima, será construir uma forte rede de distribuidores e representantes para o setor. “Apesar de atuarmos no momento com venda direta via fábrica, buscamos parceiros regionais com forte estrutura de vendas e pós-vendas para a capitalização de nossa marca”, explica Lima.

Ele observa que o mercado brasileiro está maduro e ciente da necessidade de investimentos em equipamentos de movimentação. Entretanto, Lima lembra que vários projetos de expansão e investimentos têm frequentemente seus cronogramas postergados ou reavaliados. “Precisamos amadurecer os investimentos que antecedem o porto ou terminais como, por exemplo, ampliação das malhas rodoviária e ferroviária e novos incentivos fiscais e trabalhistas para o setor”, acredita.






   Zmax Group    ICN    Antaq
       

NN Logística

 

 

Anuncie na Portos e Navios

 

  Sinaval   Syndarma
       
       

© Portos e Navios. Todos os direitos reservados. Editora Quebra-Mar Ltda.
Rua Leandro Martins, 10/6º andar - Centro - Rio de Janeiro - RJ - CEP 20080-070 - Tel. +55 21 2283-1407
Diretores - Marcos Godoy Perez e Rosângela Vieira