São Paulo - A falta de integração do local de onde saem as cargas com o destino final – o Porto de Santos, na Baixada Santista – e uma logística mal planejada são alguns dos fatores responsáveis pelos problemas observados no porto.
A opinião é do coordenador do movimento União Brasil Caminhoneiro, Heraldo Gomes Andrade. Segundo ele, pelo menos oito estados enviam simultaneamente suas cargas para o Porto de Santos, o que resulta em congestionamentos, principalmente no período de safra.
“Se não houver um cadenciamento dessa carga, ocorrem congestionamentos permanentes aqui, porque o maior porto da América Latina não é um grande deserto. Então não temos capacidade para receber simultaneamente sem nenhum tipo de organização toda essa safra agrícola, sem falar nos contêineres”.
Andrade destacou como um problema a carga importada que chega ao porto e permanece nos terminais molhados - aqueles que se localizam junto ao porto. Segundo ele, a medida correta para desafogar o movimento do porto seria encaminhar essa carga para os terminais retroportuários alfandegados (armazéns fora da zona portuária, onde são depositados mercadorias importadas ou para exportação e onde permanecem para fiscalização).
“[Esses terminais] retêm essa carga de importação porque eles ganham sobre o valor da mercadoria do contêiner pelo período da carga retida, o que também gera congestionamentos no porto. Com isso perde o caminhoneiro, nossa exportação, o país, os armadores, porque os navios ficam parados na barra para atracar, e poucas pessoas estão ganhando com isso”.
Para o presidente do Sindicato dos Empregados na Administração Portuária (Sindaport), Everandy Cirino dos Santos, a principal causa dos congestionamentos no Porto de Santos é a falta de entrosamento dos exportadores, que não enviam os caminhões de acordo com a data de chegada do navio no qual será embarcada a carga.
“É mais fácil para eles deixar a carga no caminhão porque eles não têm mais armazéns”.
Cirino disse que também contribuem para o aumento dos congestionamentos na região portuária o fato de existir apenas um acesso ao interior do porto, não importando para que área dos 13 quilômetros de costado o caminhão vá; e o trânsito de veículos da cidade de Santos (carros de passeio e transporte coletivo) misturado com o movimento na região do porto.
“Acredito que deveriam ser criado um departamento de infraestrutura de transporte, criar bolsões de estacionamento para os caminhões, organizar a entrada e saída do porto. A perimetral (via que margeia o porto) é ótima, mas ela começar na região do porto, e deveria haver algo que começasse fora do porto”.
A Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) foi procurada para se manifestar sobre o assunto, mas não pôde atender à Agência Brasil.
Fonte: Correio Braziliense/Agência Brasil
PUBLICIDADE