Empresas buscam caminhoneiros para realização de viagens com destino aos países do Mercosul
O número de motoristas contratados em Uruguaiana subiu 20% desde o início de 2009, segundo levantamento do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário de Cargas Internacionais do RS (Sindimercosul). O que é positivo para a classe está resultando em prejuízo para as transportadoras internacionais. Com o aumento da demanda, faltam motoristas para transportar cargas em viagens para os países do Mercosul.
O vice-presidente do Sindimercosul, Jorge Frizzo, explica que, no início de 2009, o país ainda estava sofrendo com a instabilidade da crise mundial, o que respingou no setor de transporte, retraído na época.
– Muita gente perdeu emprego, o número de viagens reduziu-se. Mas no final do ano passado, a situação melhorou, e as viagens aumentaram, principalmente dentro do país – diz.
Frizzo destaca ainda que os motoristas de Uruguaiana são procurados principalmente por empresas de transporte de fora do Estado, devido à experiência de fronteira.
– Por isso, investimos em cursos para os motoristas, para qualificá-los ainda mais. Uruguaiana, por ter o maior porto seco da América Latina e ser uma cidade com grande fluxo de caminhões, comportaria até uma escola técnica para motoristas – avalia.
Alguns fatores são determinantes para a falta de mão de obra, segundo avaliação do Sindicato. O transporte da safra de grãos no Brasil oferece preços mais atrativos do que o frete internacional seria um dos fatores relevantes na hora de o motorista aceitar o carregamento de uma carga. Outro motivo é a migração de motoristas para Estados como Santa Catarina em busca de uma melhor remuneração.
Caminhoneiro há 20 anos, Édson Bolson, morador de Uruguaiana, já trocou fretes internacionais pelos nacionais. Ele destaca que o custo para o caminhoneiro é 20% menor.
– Num frete internacional, gastamos pelo menos 60% do que ganhamos enquanto num dentro do país, 40% – compara.
O atraso nas importações é de aproximadamente 15 dias. Presidente de uma cooperativa de caminhoneiros de Uruguaiana, Mônica Tomazetti destaca que a entidade tem mais de cem sócios e uma frota de 250 caminhões, mas que a grande maioria dos associados rejeita cargas internacionais.
– Pegam aqui no Brasil porque o preço é melhor. As cargas para fora acabam atrasando, tamanha é a dificuldade de achar alguém nesta época de safra do arroz aqui – explica.
Para o gerente executivo da Associação Brasileira de Transportadores Internacionais, Guilherme Boger, a pressão psicológica que o motorista sofre fora do país também contribui para a opção por cargas nacionais:
– Tem o problema histórico, na ruta 14 da Argentina, onde os motoristas são vítimas desde de pressão psicológica até pagamento de propina aos policiais.
Fonte: Zero Hora/ Magali Motta
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