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Filas voltam a aparecer no porto de Paranaguá

O escoamento da safra de soja voltou a provocar filas de caminhões no acesso ao porto de Paranaguá, no Paraná. O problema começou na manhã de ontem e, no meio da tarde, o congestionamento de veículos carregados com grãos e parados no acostamento da BR-277 chegou a 27 quilômetros.

Parte do problema é creditado a chuvas que ocorreram no domingo no litoral e paralisaram em alguns períodos o embarque no corredor de exportações, mas a cena é comum no local - e, como a colheita deste ciclo 2010/11 está no começo, há a preocupação de que ela se repita num momento de expectativa de aumento na produção e na movimentação de granéis pelo terminal.

De acordo com a Ecovia, concessionária que administra a rodovia, no ano passado a maior fila chegou a 30 quilômetros. Mas foi maior em anos anteriores, chegando a 100 quilômetros. A direção do porto informou que espera aumento de 20% nas exportações por Paranaguá em 2011, em função de dragagem nos berços de atracação e mudança na administração após a troca de governo.

"O volume médio esperado de embarque nos navios é de 68 mil toneladas. Em 2010, os navios não saiam com mais de 57 mil toneladas", explicou o superintendente do porto, Airton Vidal Maron. Em janeiro, houve aumento de 60% nas exportações de granéis no terminal paranaense.

Para reduzir as filas, o porto adotou um sistema chamado "Carga On-line", que faz o gerenciamento do fluxo dos veículos até o porto e estabelece cotas diárias de recebimento de caminhões e vagões para cada terminal.

A carga é cadastrada na origem e o caminhão é liberado para seguir viagem quando há espaço em armazém para a carga e navio para embarque do produto, mas alguns operadores não estariam respeitando as regras. Ontem, cerca de 900 caminhões ocupavam o pátio de triagem de Paranaguá.

Luciano Denardi, diretor da Grano Logística, afirmou à agência Reuters que navios de trigo atrasaram e ainda há milho para escoar, no mesmo momento em que a colheita de soja ganha fôlego em Mato Grosso - com atraso, por causa dos efeitos do La Niña no plantio - e no Paraná.

Segundo o operador portuário, ainda há quatro navios para carregar trigo e outros dois para milho. E dos cerca de dez navios para soja da safra nova programados, dois já foram carregados.

Além do fato de o La Niña ter colaborado para o encavalamento dos escoamentos da soja de Mato Grosso e do Paraná, as chuvas mais recentes, ligadas ao fenômeno, evidentemente provocam problemas operacionais.

As filas de caminhões com produtos agrícolas a serem exportados por Paranaguá também mantêm travadas as importações de fertilizantes pelo porto paranaense. Por conta da demanda aquecida e das chuvas, os problemas para o desembarque do insumo começaram em novembro e ainda não deram trégua, limitando as vendas e elevando custos a empresas e agricultores.

David Roquete Filho, diretor-executivo da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), lembra que, em meados de novembro, os navios com matérias-primas para a produção de fertilizantes finais já tinham que esperar, em média, dez dias para descarregar em Paranaguá. Em meados de dezembro, a demora subiu para 29 dias, e o volume represado no último bimestre de 2010 (de 400 mil a 500 mil toneladas) resultou em forte aumento das importações efetivamente concluídas em janeiro (ver gráfico).

Como a espera média diminuiu apenas um dia em janeiro e em meados de fevereiro continuou a mesma, no dia 17 do mês passado havia mais de 1 milhão de toneladas a serem desembarcadas no porto parananense. Mais de 70% da demanda total de fertilizantes no país é coberta com importações, e Paranaguá é a principal porta de entrada para o insumo de fora, com uma participação de quase 40% do total em 2010.

Como as empresas importadoras têm de pagar uma taxa (demourrage) de US$ 30 mil por dia por navio com capacidade de até 40 mil toneladas que não consegue atracar, o segmento teme um aumento dos custos nessa frente. Fontes do segmento estimam que, em boa parte por causa dos problemas em novembro e dezembro, os importadores tiveram custos da ordem de US$$ 180 milhões com demourrage em todo o ano passado - sendo que o primeiro semestre foi considerado "tranquilo".

"Não fosse essa demora toda, as entregas [das empresas misturadoras de adubos às revendas espalhadas pelo país] poderiam até estar maiores. Com os preços elevados das commodities, a demanda dos produtores para o plantio das safras de inverno e mesmo para a próxima safra de verão [2011/12] está aquecida", afirma Roquete Filho. A RC Consultores estima que as vendas de fertilizantes crescerão 4% no país neste ano, para 25,5 milhões de toneladas no total.

Fonte: Valor Econômico/Marli Lima e Fernando Lopes | De Curitiba e São Paulo

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