O fraco desempenho na movimentação de produtos industriais contribuiu para que a América Latina Logística (ALL) registrasse prejuízo de R$ 32,5 milhões no quarto trimestre do ano passado. Em igual período do exercício anterior, as perdas foram de R$ 40,6 milhões. Nos últimos meses do ano, a movimentação de produtos agrícolas também costuma ser menor que em outros trimestres, o que pesa nos resultados. Agora, os olhos da empresa estão voltados para a necessidade de aumentos na participação de mercado, porque entrou em 2012 já prevendo um cenário mais difícil no Sul do país, devido a perdas na safra provocadas por estiagem.
No ano, a ALL registrou receita líquida de R$ 3,2 bilhões, 9,3% maior que em 2010, e teve lucro líquido de R$ 244,9 milhões, com crescimento de 2,3% sobre o exercício anterior. Os resultados de 2010 são pro forma, como se as empresas Brado e Ritmo, que começaram a operar no ano passado nas áreas de contêineres e transportes rodoviários, já existissem. O diretor financeiro e de relações com investidores, Rodrigo Campos, classifica 2011 como um ano "ótimo" e diz que, em 2012, tem visto recuperação da atividade industrial, especialmente em construção e siderurgia, áreas que deixaram a desejar no ano passado.
A ALL, que terá a Cosan como acionista no seu bloco de controle, tem como meta de longo prazo crescer 10% ao ano, mas registrou 7,7% no quarto trimestre nas operações ferroviárias no Brasil e 8,2% no ano. Na área agrícola, conseguiu 10,4% de aumento no volume, mas só 2,5% na industrial. "Os novos projetos não foram suficientes para compensar a queda do mercado", diz Campos, que aguarda o início da parceria com a empresa de celulose Eldorado, de Três Lagoas (MS), no fim do ano, pra melhorar o desempenho - o acordo vai resultar em alta de 7% no volume industrial. Na área de grãos, ele acredita que a queda de produção na área de atuação da ALL deve somar 5%, embora em alguns Estados a quebra seja bem maior. No Paraná, por exemplo, a colheita será 23% menor por causa de seca.
Recentemente, a ALL informou que planeja investir R$ 800 milhões em 2012, sendo R$ 150 milhões na última etapa do projeto Rondonópolis, que começou em 2009 e deve ficar pronto até o fim do ano. O presidente da empresa, Paulo Basílio, comentou na divulgação do resultado que a conclusão do projeto criará condições para que a "ALL atinja um fluxo de caixa positivo em 2013". Em 2011, o investimento ferroviário da ALL foi de R$ 872 milhões.
O resultado de 2011 também sofreu impacto negativo do aumento dos juros. A ALL fechou o ano com dívida líquida de R$ 3,532 bilhões - em 2010, ela somava R$ 2,791 bilhões.
Para 2012, a direção da ALL aposta também em alta dos resultados das novas empresas, menos da Vétria Mineração, anunciada em dezembro, que vai demorar mais tempo para entrar em operação. A Brado iniciou as operações no segundo trimestre e, no terceiro trimestre, foi criada a Ritmo Logística, para ampliar a participação no setor de serviços de ponta rodoviária no entorno da ferrovia.
Sobre a entrada de novo sócio na empresa, com a operação recente de compra de ações pela Cosan, Campos diz que nada muda. "Não é a primeira vez", diz.
Fonte:Valor Econômico/Por Marli Lima | De Curitiba
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