Chuvas e concorrência com produtores argentinos pelo transporte dos grãos inflam mercado e alteram os preços
A intensificação da colheita de soja, em Mato Grosso, está refletindo diretamente sobre os preços do frete aos principais portos de exportação dos grãos produzidos no Estado – Santos e Paranaguá. As causas se concentram na precariedade das estradas, devido à continuidade das chuvas na maioria das regiões e ao aumento da demanda por caminhões transportadores no momento do pico da colheita. As maiores altas foram registradas no transporte da soja para o porto de Santos (SP).
De acordo com o último levantamento de preços realizado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o frete de Campo Verde (131 quilômetros ao sul de Cuiabá) a Santos encareceu 4,41% em um período de duas semanas, passando de R$ 170 por tonelada transportada, em 28 de fevereiro, para R$ 177,50/t, no último dia 14 de março.
Os preços também apresentaram alta de 3,12% para os produtores de Rondonópolis (212 Km ao sul de Cuiabá), subindo de R$ 160 para R$ 165/t ao porto de Santos, na comparação do mesmo período. Para os produtores de Sorriso (460 Km ao norte de Cuiabá), o frete passou de R$ 205 para R$ 208,33, alta de 1,62%, com entrega no porto de Santos. Diamantino (208 Km ao norte de Cuiabá) teve o frete elevado em 1,29%, passando de R$ 192,50 para R$ 195/t.
Os fretes desses quatro municípios para o porto de Paranaguá (PR), no comparativo entre os preços praticados nas últimas semanas, sofreram majorações menores, não chegando a 3%. No caso de Sorriso, houve uma redução de 1,59% nos preços do frete, que caíram de R$ 210 para R$ 206,65.
A elevação mais expressiva no período foi para os produtores de Rondonópolis, cujos preços aumentaram de R$ 153 para R$ 157,50/tonelada exportada, alta de 2,94%. Campo Verde registrou alta de 2,72%, com os preços do frete saltando de R$ 165,50 para R$ 170.
Os produtores de Diamantino pagaram 1,33% a mais nas últimas duas semanas de R$ 187,50 para R$ 190. (Veja quadro)
FATORES – Além dos problemas das chuvas, que causaram estragos à malha viária e concentram a colheita em um período mais curto, os produtores sentiram o reflexo também da forte demanda dos produtores argentinos por transportadores, o que acabou gerando filas nas portas das tradings e esmagadoras. “Com isso, tivemos problemas localizados e muitos produtores acabaram pagando mais caro pelo frete”, conta o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja), Glauber Silveira.
Para o diretor executivo da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Famato), Seneri Paludo, os bloqueios na BR-163 (Cuiabá-Santarém) também prejudicaram o transporte e impulsionaram os preços do frete devido ao acúmulo de caminhões e maior demanda em um período mais curto.
Ele acredita que, face à colheita da safra, os preços do frete podem se manter altos nas próximas semanas.
Apesar da ótima safra de soja prevista para este ano – acima de 19 milhões de toneladas -, não deverá faltar caminhões para transportar a produção aos portos exportadores.
De acordo com a Associação dos Transportadores de Cargas do Estado (ATC), Mato Grosso conta atualmente com uma frota de 12 mil caminhões para o transporte de produtos a granel (grãos, algodão em pluma, farelo de soja, etc.), o suficiente para garantir o escoamento da safra agrícola deste ano.
Fonte:Diário de Cuiabá/MARCONDES MACIEL
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