Antigo braço de logística da PSA Peugeot Citroen, a Gefco inaugura este ano o que chama de "uma nova era" após a venda de 75% do capital da empresa para a estatal russa Russian Railways. A companhia francesa, que cresceu a partir do mercado europeu e é hoje uma das dez maiores empresas de logística do continente, mira agora os mercados emergentes na busca por novos clientes dentro e fora do setor automotivo.
Aumentar a presença no Brasil é uma das prioridades da Gefco, junto com o crescimento na Rússia, sede da nova majoritária da companhia, e Índia, afirma o presidente mundial da Gefco, Luc Nadal, ao ValorPro. A empresa espera faturar € 4,6 bilhões no mundo em 2013.
"O futuro para nós é desenvolver nossos negócios nos países emergentes com clientes que tenham cadeias de suprimento de logística complexa, a nossa especialidade", diz Nadal.
No Brasil o objetivo é mais do que dobrar o tamanho da operação até 2015. Este ano, a Gefco espera crescer acima do mercado e faturar R$ 440 milhões no país, crescendo 35% sobre o faturamento de 2012.
Presidente das operações no Brasil desde novembro, Patrick Bonaly aponta o Nordeste como a prioridade no mercado nacional. A Gefco quer expandir as operações na esteira das montadoras que se instalam na região, e diz estar negociando com algumas das principais fabricantes nacionais. Mas outros segmentos da indústria também estão no escopo, entre eles o setor de eletrodomésticos e a indústria farmacêutica, para quem a Gefco já trabalha no país.
No primeiro movimento significativo em busca de outros clientes na indústria automotiva no Brasil desde a mudança no comando da empresa, a Gefco firmou, em outubro, um contrato com a Nissan para fazer o desembaraço aduaneiro dos carros que a montadora japonesa importa do México e que representam cerca de 50% das vendas da companhia no Brasil.
Na perspectiva dos executivos, as oportunidades são grandes no país, com um desempenho aquém do esperado na área de logística. "Aqui [Brasil] o peso da logística no custo de produção é muito maior do que os preços praticados pelas indústrias na Europa. Como uma empresa que busca otimizar os custos dos clientes, há muito trabalho a ser feito", diz Nadal, apontando o Brasil como um país "onde as coisas estão acontecendo". "Os gargalos de infraestrutura são problemas de um país que está crescendo", diz o executivo.
A empresa deve manter o setor automotivo no centro dos negócios. "A indústria automotiva vai sempre representar mais da metade dos negócios da companhia e, provavelmente, grande parte do crescimento", diz Bonaly, para quem "a logística das empresas do setor automotivo é a mais complexa que há. A empresa capaz de fazer a logística do setor é capaz de trabalhar para toda a indústria".
Na Europa a Gefco firmou no ano passado um contrato de € 800 milhões com a General Motors para cuidar da logística de toda a cadeia de produção das montadoras do grupo no continente. O acordo, que começa a vigorar este ano, é um exemplo do modelo de operação que a empresa planeja implantar no Brasil, conquistando as operações de logística de grandes montadoras. "Cada vez mais as montadoras estão focando em seus negócios, a fabricação, o desing, o marketing. A logística não é o foco para elas", Afirma Nadal.
A Gefco também mantém um contrato de dez anos com a PSA Peugeot Citroen para as operações de logística do grupo em todo o mundo. A antiga majoritária manteve 25% da companhia.
Ainda que esteja mirando os emergentes, a Gefco não teme o futuro incerto da economia europeia. A companhia mantém mais de 50% de suas receitas no continente - incluindo a operação na Rússia. A empresa não vê o fechamento de fábricas como um grande impacto em seus negócios, e acredita que a transferência das unidades dos países do oeste para o Leste Europeu é uma oportunidade. "Os fluxos estão mudando. A distância das fábricas para os clientes vai crescer", diz Nadal. "Não é um problema, mas uma possibilidade."
A Gefco foi vendida em julho do ano passado em uma operação de € 700 milhões como parte dos planos da Peugeot de se capitalizar a partir da venda de ativos não-estratégicos. A empresa, que registrou faturamento mundial de € 3,8 bilhões em 2011, está presente em 34 países entre a Europa, Américas, Ásia e África. Na América do Sul, a Gefco também mantém operações na Argentina, outro país onde há produção da Peugeot. O plano de expansão sobre mercados emergentes levará a companhia este ano ao Cazaquistão e ao México.
Fonte: Valor Econômico/Guilherme Serodio | Do Rio
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