Das cerca de 30 milhões de toneladas movimentadas pelo Porto do Rio Grande em 2011, apenas sete milhões (algo em torno de 20%) foram movimentadas através de hidrovias. Pouco para um estado que pode ser considerado privilegiado nas condições naturais de navegabilidade. A tímida utilização do modal foi o tema das palestras do Navegar 2012 na última quarta-feira.
A Agência Nacional de Transportes Aquaviários participou do evento através de Felipe Henrique Cadore Flores, especialista em Regulação de Serviços da Antaq. Em sua palestra, Flores apresentou o Plano Nacional de Integração Hidroviária (PNIH). O estudo, em andamento pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e previsto para ser concluído até o fim deste ano, vai traçar uma radiografia completa das várias bacias do Brasil para ser analisado em parceria com o Ministério dos Transportes. O diretor mostrou avanços feitos na hidrovia Tocantis-Araguaia, já beneficiada pelas eclusas do rio Tucuruí, mas que ainda precisa de obras complementares, como a derrocagem.
A Antaq também projetou os novos investimentos no Brasil. O Rio Grande do Sul será beneficiado com a melhoria do trajeto pela Lagoa dos Patos e com a chamada Hidrovia do Sul, que ligaria o Uruguai ao Porto do Rio Grande pela Lagoa Mirim. O projeto ainda depende do estudo de viabilidade econômica. “Meu desejo é que todo o sistema funcione, que o interesse público seja defendido. Há vários nós que precisam ser desatados por mais de um órgão e esses órgãos têm que ter condições para isso, seja recurso, sejam pessoas”, afirmou.
Pedro Obelar, diretor da Superintendência de Portos e Hidrovias (SPH) do Rio Grande do Sul, foi o segundo palestrante. Hoje, o Estado possui 750 km de hidrovias. Dessa extensão, 100 km são canais artificiais, que precisam de dragagens e sinalização. Obelar relatou as obras de desassoreamento nos rios Guaíba, Gravataí, Rio dos Sinos, Caí e Jacuí.
Os canais navegáveis registraram aumento na movimentação, principalmente de biodiesel e peças para o setor naval produzidas em Charqueadas. No rio Taquari, por exemplo, a profundidade é de 2,5 metros, um dos desafios para a atual superintendência. A SPH também acompanha o projeto da Hidrovia do Sul. Para isto, estuda a dragagem do canal São Gonçalo, em Pelotas, fundamental para a viabilidade. Enquanto a profundidade na Lagoa dos Patos é de 5,18 metros, na Lagoa Mirim, é de apenas 2,5 metros.
“É um projeto ambicioso e será possível mediante um convênio entre o Dnit e a SPH. Vamos reativar equipamentos de dragagem e lanchas para utilizá-las no estudo”, afirma. No porto de Cachoeira do Sul, que possui apenas 70 metros de cais, a superintendência concentra recursos e projetos para reativar o terminal. A proposta é de utilizá-lo, assim como os portos de Estrela e Pelotas, como portos auxiliares da indústria naval no Porto do Rio Grande.
Fonte: Jornal Agora (RS)
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