Na safra 2011/12, a produção nacional de grãos deve chegar a 165,9 milhões de toneladas, enquanto a capacidade estática de armazenagem é de apenas 142 milhões de toneladas. Os prejuízos ao desenvolvimento do agronegócio nacional causados pela defasagem estrutural e pela falta de logística foram debatidos ontem durante a abertura do VII Simpósio Paranaense de Pós-colheita de Grãos e VI Simpósio Internacional de Grãos Armazenados. O evento segue até sexta-feira no Parque de Exposições Governador Ney Braga, em Londrina.
De acordo com o levantamento da Associação Brasileira de Pós-Colheita (Abrapos) - promotora do evento em parceria com a Embrapa Soja -, a defasagem de unidades armazenadoras é ainda maior, porque os 24 milhões de toneladas destinadas à sacaria não comportam a produção a granel. O deficit de armazenagem no Brasil chega a cerca de 50 milhões de toneladas.
Para o presidente da Abrapos, Irineu Lorini, o ideal seria que a capacidade fosse 20% superior à produção para permitir o remanejamento dos grãos. No Paraná, a capacidade é próxima ao volume produzido, mas é baixa se comparada ao ideal. Para Lorini, o maior problema é a falta de um sistema de recebimento e armazenagem que garanta a qualidade dos grãos. ''Cerca de 30% das estruturas não têm capacidade de armazenar com qualidade e a falta de qualidade representa perda de mercado consumidor'', avalia.
Lorini espera que a exigência de certificação das unidades armazenadoras, implantada este ano, mude essa situação no País. Pela lei, até o final de 2012, 15% dos estabelecimentos devem estar certificados para poder operar. Ele cita que pragas e micotoxinas são o principal problema que a má armazenagem traz para a qualidade dos grãos e para combater esse mal, ele defende a capacitação dos profissionais que manipulam a safra.
O consultor da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Luiz Antonio Fayet, lembrou que o Brasil passou de importador para fornecedor de alimentos e registou mudança geográfica na produção, que se deslocou para o Centro-Oeste do País. ''No entanto, há um descompasso entre as zonas de produção e as rotas de escoamento da safra'', critica. Segundo ele, a falta de terminais portuários e de investimento para ampliação e manutenção dos existentes restringe o crescimento da produção. Conforme Fayet, apesar de possuir a maior capacidade de armazenagem do País, o Porto de Paranaguá tem uma velocidade de embarque 33% inferior ao do Porto de Santos e sofre com a pressão de cargas trazidas do Mato Grosso.
Fonte: Folha de Londrina,PR / Mariana Fabre
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