O Estado de Pernambuco precisa de um investimento mínimo de R$ 22,4 bilhões para passar a ter uma infraestrutura decente, segundo o Plano da CNT de Transporte e Logística lançado pela Confederação Nacional de Transporte (CNT). Localmente, o estudo mostra a necessidade de ações que incluem desde melhorias na mobilidade urbana, construção de terminais de cargas (em Petrolina e Salgueiro), duplicação de 326 km de estradas e a pavimentação de 855 km de rodovias até a conclusão de empreendimentos que se arrastam como a Ferrovia Transnordestina, a qual foi iniciada em 2006. No Brasil, o estudo apontou a necessidade de R$ 987 bilhões em 2.045 projetos considerados prioritários. “Isso mostra o estado grave da infraestrutura em todo o Brasil, que está obsoleta e saturada. O País investe pouco em infraestrutura de transporte”, diz o diretor executivo da CNT, Bruno Batista.
Ainda em Pernambuco, o estudo apontou um custo de R$ 5 bilhões para a conclusão da Transnordestina. O segundo maior investimento apontado como prioritário seria a construção de um trem urbano ou metrô no valor de R$ 4,9 bilhões (levando o serviço para as proximidades de Suape). Em todo o País, o estudo citou melhorias necessárias em 18 regiões metropolitanas, incluindo a do Recife. “A demanda por infraestrutura aumentou no País porque a economia cresceu. No Brasil, são 3,3 milhões de veículos por ano chegando às ruas. Nem as rodovias, muito menos as cidades se prepararam para esse tráfego. E o resultado é a elevação da quantidade de acidentes nas estradas e engarrafamentos maiores na área urbana”, conta.
Segundo ele, outro problema identificado no estudo é o fato de o transporte não ser analisado nem planejado de uma forma sistêmica e integrada. Na argumentação de Bruno, uma das soluções seria atrair a iniciativa privada para investir em infraestrutura de transporte. “Há um grau de deficiência administrativa (dos governos) para realizar esses projetos”, comenta. Ele aponta que um bom começo seria os governos elaborarem projetos de boa qualidade com um nível de detalhamento que mostrasse o quanto as empresas poderiam receber nesse tipo de investimento.
As deficiências da infraestrutura trazem impacto para a população e as empresas. O superintendente da Pamesa do Brasil, Marcus Ramos, diz que há cerca de 12 anos levava 20 minutos para ir de Boa Viagem a Suape, onde está instalada a fábrica da companhia. “Hoje, gasto uma hora e meia. E o mesmo acontece com os funcionários da empresa, as pessoas que levam carga. Há um aumento dos custos”, resume. Por dia, cerca de 100 caminhões saem e chegam à fábrica. Desse total, metade das carretas levam produtos acabados e o restante traz matéria-prima. Ele também reclama das condições de uma das principais estradas que dão acesso a outros Estados do Nordeste: a BR-101 Sul. “Virou um grande buraco com um engarrafamento constante”, lamenta.
Fonte:Jornal do Commercio (PE)
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