Com a retração da indústria nacional, o agronegócio seguirá como principal sustentáculo do crescimento da economia brasileira nos próximos anos. Mesmo assim, os problemas de infraestrutura, como nos portos para escoamento da produção, e o fraco desempenho industrial podem afetar negativamente o setor. É por essa linha que convergiram as avaliações de economistas, de produtores e do governo federal durante o 13° Congresso da Associação Brasileira de Agronegócio (Abag), realizado ontem, em São Paulo (SP).
Para o economista do Instituto Brasileiro de Economia e da Fundação Getúlio Vargas, Samuel Pessôa, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deve ser de 0,6% nesse ano. Nesse cenário, a indústria recuaria 2% enquanto o agronegócio subiria 2,3%, afirmou na abertura do evento. “Só vamos continuar crescendo com a sustentação do agronegócio. A inflação vai terminar o ano pressionada pelo setor de serviços, em 6,5%. A baixa aceleração se deve as incertezas ligadas a Copa do Mundo e ao regime econômico que irá vigorar após as eleições, além da queda industrial e o investimento reduzido”, explicou.
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O ministro da Agricultura, Neri Geller, por sua vez, comemorou afirmando que produção brasileira cresceu 100% na última década. Depois dos resultados de 2013, quando foram colhidas mais de 188 milhões de toneladas, Geller projetou aumento da safra para 194 milhões de toneladas nesse ano. “Disponibilizamos R$ 136 bilhões, com taxas de juros abaixo da inflação, para estruturação de propriedades, investimento em armazenagem e máquinas”, destacou.
Geller garantiu ainda que o desenvolvimento do agronegócio no Brasil levou em conta a questão da sustentabilidade e o respeito aos direitos indígenas. “Nas últimas três décadas, mostramos ao mundo a capacidade de avançar a passos largos, mas com sustentabilidade. Além disso, garantimos a movimentação para votar o Código Florestal, o que gera segurança jurídica ao produtor.”
Apesar de exaltar o trabalho do Conselho de Biossegurança e a Lei do Seguro Rural, o ministro reconheceu entraves na infraestrutura e defendeu o apoio da iniciativa privada nesse setor. “Precisamos resolver essa questão que ainda segura nosso desenvolvimento. Para isso, é necessário que a iniciativa privada possa acessar os recursos e, junto ao governo, melhorar a infraestrutura portuária, principalmente para escoamento da produção pelo Nordeste, e concessão para modernização de rodovias”, disse.
No mesmo sentido, o presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Luiz Carlos Corrêa Carvalho, temendo que o fraco desempenho da indústria possa afetar o futuro do agronegócio, defendeu atenção redobrada ao sistema industrial. “O Brasil pode assumir o protagonismo na produção de alimentos em nível mundial. Inclusive, a OCDE e a FAO colocaram o País na liderança da oferta de alimentos, tendo em vista as perspectivas globais de demanda. Mas é fundamental também estancar o processo de sangria da indústria nacional”, ressaltou.
Fonte:Jornal do Commercio (POA)\Luiz Eduardo Kochhann, de São Paulo