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Japonesa Zen-Noh finca suas bases no Brasil

A expectativa de colheita recorde de milho nesta safra não poderia ser uma notícia melhor para a maior federação de cooperativas agrícolas do mundo, que há dois anos fincou discretamente os pés no Brasil.

Com mais de mil cooperativas associadas, que reúnem quase 10 milhões de produtores de diferentes culturas no Japão, a Zen-Noh olha com atenção os números da produção brasileira nesta safra 2016/17 e a variação do dólar para ampliar a participação do país na composição global de seus embarques do cereal ao país asiático. O Japão, afinal, é o maior importador global de milho - em média, 16 milhões de toneladas por ano. E a Zen-Noh, sua principal fornecedora, negocia quase metade disso.


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"Estou me sentindo pé-quente. Entramos aqui e já vem uma safra recorde", diz o presidente da Zen-Noh no Brasil, Ricor F. da Silveira.

Fundada em 1945, logo após a Segunda Guerra Mundial, a federação tem um faturamento anual da ordem de US$ 50 bilhões e comercializa uma miríade de matérias-primas - milho, arroz, frutas, vegetais e lácteos, entre outras commodities agrícolas.

No Brasil, sua presença era quase inexistente até a abertura de um escritório em São Paulo, em 2015. "Com todo esse milho para exportação, fazia sentido ter um comprador aqui", diz Silveira, a quem coube convencer o grupo a se estruturar comercialmente no país.

O executivo morava na Ásia, onde atuava sobretudo em fusões e aquisições, quando ouviu os planos de expansão da Zen-Noh. A limitação de área no Japão forçava a cooperativa a se internacionalizar - até então o grupo só atuava nos EUA. Em quatro anos, abriu escritórios na China, Tailândia, Cingapura, Austrália, Alemanha e Brasil.

"Sabia que era uma oportunidade para nós, mas não seria um 'vamos entrar lá, contratar um investment banking de US$ 5 milhões'. Não é o negócio deles. Tinha que ir com muita calma", afirma.

Para um investidor japonês - normalmente conservador -, os primeiros dois anos foram uma amostragem interessante do que seria trabalhar no Brasil. Turbulências políticas e econômicas, que elevaram a volatilidade cambial, somaram-se a uma quebra de safra que rompeu contratos e deixou os produtores na berlinda. Mas enquanto as lavouras definhavam com a seca, a Zen-Noh estruturava seu primeiro grande negócio: a entrada como investidor na joint venture de Amaggi e Louis Dreyfus Company no Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram), em São Luís.

O Tegram caiu como uma luva para a federação. Do ponto de vista do grupo, o porto era considerado fantástico - um bom calado para atracação de navios e distância menor ao Canal do Panamá, por onde se ganha quatro dias para desembarcar na Ásia. Para os demais acionistas, tratava-se de uma reestruturação societária bem-vinda para dar mais fôlego financeiro à joint venture. O valor do negócio não foi divulgado.

"Foi uma surpresa grande assinar um investimento em tão pouco tempo. Pensei que seria algo que demoraríamos cinco anos para fazer", diz Silveira. O negócio ainda aguarda aprovação do Cade.

Foi mais que apenas uma oportunidade. Apesar da rapidez - seis meses entre a oferta pelo HSBC e a assinatura do negócio -, aportes em portos estão em total sintonia com a atuação da cooperativa. "A Zen-Noh tem o propósito específico de servir seus cooperados japoneses. Primeiro garantimos o terminal de exportação, depois começamos a trabalhar para trás".

Diferentemente daqueles investidores chineses que priorizam a compra de terras para o abastecimento de seu mercado doméstico, o grupo - como outros players da China - concentras-e na compra de grãos para processamento no Japão. Assim, terminais são a joia da coroa.

Por isso, o executivo antecipa que os aportes em logística no Brasil não vão parar no Tegram. "Outros dois devem ser anunciados", afirma. A grande preocupação, acrescenta, está em enxergar antes os "senões". "Santos está longe da produção, o Norte ainda não está 100% preparado e até no Tegram há poucas opções de arbitragem, com a dependência [do escoamento ferroviário] da VLI ". Leilões para concessões portuárias também são estudados, desde que em parceria com outras empresas.

Na temporada 2015/16, o grupo já embarcou no Brasil pouco mais de 1 milhão de toneladas de grãos, mesmo em um cenário adverso. Para esta safra robusta, com produção de milho estimada em 87,4 milhões de toneladas, há outras variáveis que desanimam o executivo a fazer previsões.

"No fim das contas, é preço. Se o dólar for a R$ 2,80 e a safra dos EUA [o maior produtor de milho] for recorde... quem sabe quanto embarcaremos? Com o dólar acima de R$ 3,20 fica mais competitivo, apesar dos custos de logística".

Apesar das incógnitas que levanta, Silveira diz que a boa notícia é que os cooperados japoneses aprovaram a qualidade do milho brasileiro - uma aceitação crucial para a Zen-Noh concretizar seus planos de crescer no país.

Fonte: Valor






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