O porto de Ilhéus (BA) vive à margem dos grandes investimentos há pelo menos duas décadas, ou, mais precisamente, desde que a praga chamada vassoura de bruxa dizimou a produção de cacau do Estado. Era o fim dos anos 80.
A importância econômica caiu de tal forma que, de segundo maior produtor mundial, o Brasil passou a importar as sementes da fruta. A exportação de cacau, que reinou absoluta durante décadas, hoje representa menos de 2,5% da pauta dos embarques do Estado.
A movimentação de Ilhéus desabou para o patamar de 250 mil toneladas por ano, o que significa pouco mais de 5% de capacidade instalada. A receita mal atinge R$ 10 milhões anuais.
A tentativa de convencer a Bahia Sul Celulose e a Veracel, ambas localizadas no sul do Estado, a desviarem para Ilhéus a exportação de celulose, algo em torno de dois milhões de toneladas, embarcadas hoje pelos portos de Vitória e da Portocel, ambos no Espírito Santo, é vista por fontes do setor como uma quase ficção. "É um porto problemático", admite uma fonte ligada à Companhia das Docas da Bahia (Codeba). São três as maiores limitações: comprimento do cais, acesso marítimo (calado de 9,5 metros inviabiliza o atracamento de navios de grande porte) e acesso rodoviário.
A unidade da Bahia Sul em Mucuri optou por enviar a carga para o porto de Vitória e de lá para a Europa, Ásia, América do Sul e do Norte. A Veracel, localizada na cidade de Eunápolis, inaugurou em 2005 um terminal privativo no município de Belmonte, distante 60 km da fábrica, onde utiliza barcaças para enviar a carga até o terminal da Portocel, em Barra do Riacho, especializado em celulose. Cada barcaça elimina 375 viagens de caminhões da BR-101. O movimento de celulose de Belmonte é três vezes maior que Ilhéus. "Teria que investir pesado para Ilhéus exportar celulose", reconhece essa fonte.
O ponto fora da curva de Ilhéus aconteceu em 2004 quando a movimentação atingiu um milhão de toneladas. Motivo: a safra excepcional de soja, embarcada em precárias instalações do porto. Mesmo com as adaptações, não era suficiente. Como resultado, o grupo M. Dias Branco construiu o Terminal Portuário de Cotegipe, na Baía de Aratu, em Salvador em 2010, que, com dois berços tem capacidade para o embarque de duas mil toneladas por hora de soja e o desembarque de 350 toneladas por hora de trigo.
Os principais itens exportados por Ilhéus são farelo e grão de soja, minério de magnesita e níquel. Os itens importados são amêndoa do cacau e equipamentos para energia eólica. O porto conta com um terminal de uso privativo explorado pelo Moinho Ilhéus, numa área arrendada de 11 mil m2, dotado de seis silos verticais, capacidade estática de 10 mil toneladas e instalações e equipamentos para recepção rodoviária de trigo a granel.
Nas instalações de acostagem do cais público podem atracar três navios simultaneamente e dois armazéns com capacidade bruta de 32 mil m3 cada. Há dois pátios, sendo um com 8 mil m2, capacidade de até 20 mil toneladas e outro com 12,5 mil m2 e capacidade de até 1 mil TEUs. A previsão de investimentos para os próximos anos é de R$ 100 milhões, para reforço de cais, dragagem e aterramento.
Fonte: Valor Econômico.
PUBLICIDADE