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Logística é maior desafio em Simandou

A mudança nas características do projeto de minério de ferro de Simandou, na Guiné, pode tornar o empreendimento mais desafiador do que antes, na avaliação do presidente da Vale, Murilo Ferreira. O que eleva a complexidade do projeto é a questão logística.

Os primeiros projetos desenhados pela companhia, no passado, previam o escoamento da produção por meio de uma ferrovia que cortaria a Libéria, país vizinho aonde seria possível fazer portos de águas profundas. No entanto, o presidente da Guiné, Alpha Conde, tem afirmado que o transporte e os embarques do minério têm que ser feitos pelo próprio país. "Ele prefere que todo o benefício econômico do processamento do minério seja da Guiné", afirmou Ferreira ao Valor.


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O investimento e as dificuldades técnicas seriam menores se o escoamento pudesse ser feito pela Libéria, diz Ferreira. Para a saída pelo território da Guiné, será preciso construir um porto com pelo menos um acesso de 11 km mar adentro, disse o executivo, acrescentando que este "é quase o tamanho da ponte Rio Niterói". "O projeto é muito desafiador não pela mina, mas pela logística", disse o presidente da maior companhia de exploração de minério de ferro do mundo.

O governo guineense já afirmou que fará uma licitação para as concessões das duas minas que eram detidas pela Vale e pela BSG Resources, empresa do investidor franco-israelense Beny Steinmetz. No entanto, ainda não há uma data estabelecida para a divulgação dos termos da nova licitação, que trarão as exigências do governo local.

As duas empresas tiveram seus direitos minerários cancelados em abril, após o governo da Guiné ter considerado que a BSGR poderia estar envolvida em supostas práticas de corrupção. Com isso, a Vale também deixou de ter sua fatia, de 51%, nas minas, cujas reservas, conforme estimativas do governo da Guiné, têm valor de mais de US$ 100 bilhões.

A Vale não está em negociação com nenhum possível parceiro na nova licitação, segundo Ferreira. "Ainda não temos elementos suficientes para isso. Precisamos saber as regras desse certame." As condições serão diferentes caso outras mineradoras já estabelecidas na Guiné participem do investimento, ou caso o governo assuma parte do investimento na logística, avalia o presidente da Vale. "Dependendo da questão logística, o projeto pode custar US$ 5 bilhões e pode custar US$ 30 bilhões. São valores muito diferentes", diz Ferreira.

Entre as possíveis candidatas a participar da licitação, estariam as maiores empresas do setor, como BHP Billiton, Anglo American e GlencoreXstrata. Sobre um eventual interesse de companhias da China, Ferreira comentou que o presidente Xi Jinping tem sido muito reticente em relação a investimentos chineses no exterior.

Enquanto aguarda as informações sobre a licitação, a Vale também espera o avanço do processo de arbitragem que moveu na corte de Londres contra a BSG Resources. Assim que teve seu direito de exploração cancelado, a Vale foi à corte para pedir o ressarcimento pelos pagamentos já efetuados à companhia de Steinmetz, como os US$ 507 milhões de parcelas da participação no projeto de Simandou, e também de outros valores, que envolvem, por exemplo, juros e o atraso do retorno do projeto por conta de problemas que interromperam seu desenvolvimento. A mineradora considera que sofreu uma fraude, uma vez que comprou de seu sócio uma participação em um ativo obtido de forma ilícita.

Ao mesmo tempo, a Vale foi alvo de uma outra ação, movida pela concorrente anglo-australiana Rio Tinto na Justiça dos Estados Unidos. A mineradora brasileira está entre os réus em um caso definido como "roubo" dos direitos minerários por um esquema que teria violado uma lei americana de combate a organizações criminosas.

Ferreira afirmou ao Valor que o presidente Conde fez acordos com governos dos Estados Unidos, da Suíça, da França e também se articulou com muitos outros países para as investigações sobre o caso de Simandou e que, segundo manifestou o próprio governo guineense, a companhia brasileira não tem envolvimento nas práticas ilícitas. "Ele [Conde] gostaria que ficássemos. Se depois de uma investigação dessa, com tantos países com forças de segurança tão poderosas, uma empresa [Rio Tinto] diz o contrário, é preciso que mostre suas provas", afirmou o executivo. Se não o fizer, estaria agindo de má fé, acrescentou.

Fonte: Valor Econômico/Ivo Ribeiro e Olivia Alonso | De São Paulo






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