Fábrica de guindastes deve começar as operações em abril
A indústria de guindastes Manitowoc e a construtora paulista Semco, responsável pelas instalações em Passo Fundo, fecharam um acordo ontem estabelecendo o dia 25 de março de 2012 como data de entrega das obras. Até a data, estarão instalados os equipamentos e concluídos os projetos elétricos e hidráulicos. O início da operação está previsto para abril, em duas linhas de produção.
A obra, orçada em R$ 70 milhões financiados pelo Badesul, terá sua etapa estrutural concluída até dezembro, segundo a previsão do engenheiro civil Júlio César Salvador, diretor da Semco. Ele explica que, apesar dos atrasos decorrentes das intempéries e da demora na liberação das licenças, 40 pessoas trabalharão em um único turno. "A menos, claro, que tenhamos mais chuva e seja necessário intensificar o ritmo de trabalho para cumprir o prazo", afirmou.
A data limite foi estipulada durante reunião que precedeu a primeira visita da imprensa brasileira ao canteiro de obras, feita ontem. Na ocasião, o diretor-presidente da Manitowoc no País, Mauro Nunes da Silva, detalhou o projeto, que prevê a produção inicial de um guindaste para terrenos irregulares e uma grua por dia, com um faturamento de R$ 400 milhões anuais.
O número de funcionários diretos iniciará em 80 e passará, em quatro anos, para 340 pessoas. "Já estamos contratando os engenheiros e, no início do ano que vem, passaremos a contratar o pessoal de fábrica. Por incrível que pareça, a dificuldade que estamos encontrando não é a qualificação técnica, mas a fluência em inglês", observou o diretor.
Silva projeta que, com a busca de profissionais em outras regiões do Estado e a qualificação (que está sendo formatada em parcerias com a Universidade de Passo Fundo, UPF, e o Senai) as vagas de todos os níveis serão preenchidas sem comprometer a produção, que segundo o diretor deverá representar mudança no mercado brasileiro. "A simples transferência da produção para o Brasil, com a redução do frete marítimo, do seguro e dos impostos de importação, já significa uma redução no preço final dos produtos de 25% a 30%. Mas a proposta é criar guindastes e gruas voltados especificamente para os mercados brasileiros e latino-americanos", afirmou Silva. Segundo ele, os preços atuais variam entre US$ 100 mil e US$ 1 milhão e estão diretamente ligados à cotação do aço.
Produção local deve substituir importação e abastecer países da América Latina
A produção nacional da unidade da Manitowoc em Passo Fundo deverá substituir a importação de guindastes para terrenos irregulares dos Estados Unidos e de gruas da China. A expectativa é que 25% das unidades montadas na cidade sejam destinadas para países como Argentina, Uruguai, Paraguai, Venezuela, Colômbia e Peru, com destaque para o mercado chileno de mineração. No País, a produção de gruas e guindastes será destinada a empresas de grande porte, como Petrobras, Vale, Usiminas, Odebrecht, Queiroz Galvão e locadoras de equipamentos, além da construção civil.
Segundo Lawrence Weyers, vice-presidente executivo para as Américas, o continente americano é mercado para 45% da produção mundial da empresa e, deste total, mais de um terço é vendido no Brasil. "A produção e a venda nos Estados Unidos e no Canadá são muito grandes. Na América Latina, o Brasil e o México rivalizam como maiores mercados, mas pela proximidade temos apenas um escritório comercial em Monterrey", disse.
Esta será a primeira indústria da Manitowoc na América Latina. Nos primeiros anos, a indústria, que funciona como uma montadora, deve operar com seis sistemistas e utilizará, basicamente, peças importadas. No segundo ano de atividades da empresa, uma terceira linha de montagem deve entrar em operação. Esta linha produzirá guindastes que funcionarão acoplados a caminhões.
Passo Fundo, localizada no Norte do Estado, foi escolhida pela existência de um polo metal mecânico, localização geográfica e oferta de profissionais qualificados. Segundo o prefeito da cidade, Airton Dipp, o PIB do município deve chegar aos R$ 3 bilhões no ano que vem. Também o sistema de transportes do Estado deve ter um grande impacto. Por uma questão logística (e também por força de um acordo com o governo do Estado) todas as operações de importação e exportação da empresa, hoje feitas pelos portos de Vitória e do Recife, passarão a ser feitas por Rio Grande.
Fonte: Jornal do Commercio (RS)//Clarisse de Freitas, de Passo Fundo
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