De 2006 a 2010, o transporte aquaviário cresceu cerca de 50%, ganhando do transporte rodoviário, que se encaminha para um crescimento vegetativo, e do transporte ferroviário, que também vem perdendo ímpeto de crescimento. A informação é do professor e doutor em Ciências em Engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ, Peter Wanke. Ele destaca que a insuficiência da capacidade de atender a demanda nos terminais tem elevado significativamente os tempos de espera de atracação dos navios.
Segundo os dados mais recentes publicados pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários, o prazo tem chegado a dez dias. Na avaliação do professor, a atracação deveria ser feita em algumas horas, no máximo um dia.
Esse tempo de espera, diz Wanke, é reflexo da insuficiência da capacidade de atender a demanda. "Dos diferentes elementos que compõem a infraestrutura portuária, que seriam canais, berços, silos, pátio de contêineres, portaria para acesso rodoviário e ferroviário, percebemos que é nos berços que se encontra o aspecto mais crítico. Não existe nos terminais brasileiros folga em termos de berço, não há capacidade para lidar com picos de demanda", avalia Wanke.
De acordo com o acadêmico, no exterior há uma situação de sobrecapacidade para acomodar a demanda sem sobressalto, enquanto que no país os projetos de expansão seguem a demanda. "Lá fora vemos operações portuárias em que se tem vários quilômetros de cais e de berços já construídos esperando a demanda futura vir paulatinamente ocupar. Já a infraestrutura nova no Brasil, particularmente a portuária, já nasce defasada e insuficiente por natureza”, lastima.
Entre as principais soluções e prioridades para a infraestrutura portuária brasileira a curto prazo, Wanke sugere que seja atacada a infraestrutura de acesso dos portos do Sul e do Sudeste para permitir que o produtor tenha uma competição de terminais e possa migrar facilmente de um terminal ou de um porto para outro. Na Europa, exemplifica ele, em um raio de 700 quilômetros, existem três hub ports – portos de Hamburgo, Rotterdam e Antuérpia. A competição entre os terminais dos portos é possível em razão da boa infraestrutura de acesso hidroviário, rodoviário e ferroviário.
"É preciso investimento em todos os modais de transporte. Não é simplesmente expandir a capacidade dos terminais portuários, mas em paralelo expandir a infraestrutura de acesso para permitir a competição de carga entre eles. Se um terminal estiver saturado de carga, o produtor pode correr para outro”, avalia.
Os gargalos portuários e os reflexos em termos de tempos de espera e custos serão alguns dos temas abordados pelo professor Peter Wanke, no workshop “Competitividade e Infraestrutura Portuária”, que será realizado no próximo dia 29 de março, no Rio de Janeiro. O advogado e professor de direito Regulatório do Transporte e da Atividade Portuária e de Direito Marítimo da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), Osvaldo Agripino, também participa do workshop. O evento é organizado pela Portos e Navios.
Mais informações no site do evento.
(Da Redação)
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