O crescimento da movimentação de cargas do porto de Paranaguá (PR) foi de 213% de 1989 a 2009, mas a infraestrutura permanece praticamente a mesma no período. A opinião é do assessor técnico-econômico da Faep (Federação de Agricultura do Estado do Paraná), Nilson Hanker Camargo, que lista alguns dos principais problemas enfrentados pelo porto nos últimos oito anos: baixa produtividade de embarque, demourrage, filas de caminhões, filas de navios e interrupção da dragagem.
"Quem paga a conta de tudo isso é o produtor. Em 2004, por exemplo, devido a problemas como esses, deixamos de ganhar R$ 1,5 bilhão", disse Camargo durante o evento Portos & Terminais, realizado no Rio de Janeiro pelo IQPC. O agronegócio representou 72% das exportações do estado no ano passado.
Ele cita, ainda, algumas das melhorias esperadas pelos produtores nos próximos anos: a modernização do sistema de embarque de granéis sólidos e no recebimento de fertilizantes, desburocratização na exportação e na importação, construção de acesso rodoviário e aprofundamento dos berços de atracação.
O superintendente da Appa (Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina), Mário Marcondes Lobo Filho, embora admita os problemas do porto, diz que Paranaguá já começou a agir. Na semana passada, por exemplo, foi assinado o contrato para intervenções como a construção de dois berços graneleiros sem pátio e a reforma do cais.
Lobo Filho também apresentou um levantamento com as obras urgentes do porto:
"A substituição dos armazéns horizontais do corredor por dois graneleiros horizontais de 70 mil toneladas cada, a adequação da profundidade do cais comercial, o repotenciamento do corredor de exportação leste e a construção de um terminal de passageiros", exemplica o superintendente.
Para o presidente do conselho de administração da Logz Brasil Logística, Nelson Luiz Carlini, a capacidade de competição dos portos comerciais é determinada por suas instalações, por sua localização geográfica e por sua relação com os sistemas de transporte terrestre e os centros urbanos.
"Deve se olhar para um porto como se olha para uma empresa: é preciso ser eficiente, competitivo. Os portos têm de ganhar dinheiro para reinvestir neles próprios e não aguardar investimento do governo", defende Carlini.
Ele aponta o estímulo ao investimento das atuais concessionárias de ferrovias e rodovias em novos acessos a portos e a terminais através de políticas compensatórias (alongamento de prazo das concessões, por exemplo) e a eliminação de cobrança de ICMS no transporte de cargas por qualquer modal em todo o território brasileiro como soluções capazes de ter impacto imediato e efetivo na eficiência/produtividade dos portos.
Da Redação
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