A pandemia do novo coronavírus não prejudicou a produção e exportação de grãos no Paraná. No mês de março, a movimentação no estado teve aumento de 21% em comparação com o mesmo mês de 2019. E a expectativa dos terminais que integram o Corredor de Exportação do Porto de Paranaguá é que, no semestre, o aumento seja de 20% em relação ao mesmo período do ano anterior.
“Tivemos um forte crescimento de 28% na safra de soja neste ano no Paraná, se comparado com 2019. A produção subiu de 16,5 milhões de toneladas na safra 2018/2019, para 20,8 milhões de toneladas em 2019/2020”, explica Fabrício Fumagalli, diretor do Grupo Interalli, que opera dois terminais no porto paranaense.
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Segundo ele, a previsão de crescimento da Interalli Grãos é de 15% e com uma mudança no mix dos produtos movimentados. “No ano passado, primeiro semestre, operamos muito milho. Já neste primeiro semestre, praticamente não tivemos milho, mas temos mais soja. Com isso, na matriz total, devemos crescer em torno de 15%”, explica.
Fatores decisivos
As perspectivas positivas são amparadas por três fatores principais: a alta na produção paranaense, a mudança favorável no câmbio e a retomada das compras pela China.
“Os terminais estão operando, na maior parte do tempo, com pouca interrupção. Temos bastante produto, bastante demanda e outro fator que é o clima seco - fundamental para o sucesso das operações no Porto de Paranaguá. Estes são fatores que têm nos ajudado a superar possíveis problemas que o novo coronavírus poderia trazer”, explica Helder Catarino, gerente do terminal Interalli Grãos, em Paranaguá.
No entanto, Helder explica que todos os terminais tiveram que se adequar e implementar medidas de proteção e prevenção, entre elas, o uso de máscaras e o reforço da higiene. Além disso, os operadores portuários se reuniram e doaram recursos financeiros para reforçar o Sistema de Saúde do município.
“Até o momento, o novo coronavírus não trouxe problemas significativos para o setor de exportação de grãos. O que houve de mudança foram as medidas de proteção que foram tomadas”, reforça Helder.
Mercado aquecido
Um dos fatores que favoreceram os produtores de grãos foi a variação do câmbio que, hoje, está favorável para a exportação. “O produtor importou insumos para a produção de soja, no ano passado, com um câmbio mais baixo, teve custo reduzido para o plantio e a venda está rendendo bem agora. Ou seja, temos um mercado aquecido lá fora e a produção foi em grande escala”, completa Helder.
A China é o principal comprador de grãos brasileiros, especialmente no primeiro semestre. De acordo com Fabrício Fumagalli, diretor do Grupo Interalli, o país está retomando as negociações após superar a primeira onda de Covid-19. “A China está com bastante apetite e o primeiro semestre é uma compra bem concentrada na América do Sul. A China quer retomar os negócios”, comemora.
Milho deve impulsionar exportações no segundo semestre
Usualmente, o Porto de Paranaguá movimenta mais milho no segundo semestre. E, neste ano, há a possibilidade de que a crise gerada pelo novo coronavírus possa favorecer as exportações do produto.
Fumagalli explica que por causa da Covid-19, o consumo de carne diminuiu no mercado interno, então acaba sobrando milho. “Diminuiu também a produção de etanol, o que também reflete da sobra do milho. E a expectativa é que a safrinha venha com uma boa produtividade, além do câmbio favorável”, explica Fumagalli. “Com isso, devemos ter uma competição menor do milho no mercado interno e grandes escalas nas exportações”, finaliza.