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Navio-draga La Belle vai precisar de reparos

A cada tentativa frustada ou abortada, o navio-draga La Belle, encalhado há 10 dias na pedra da Baixinha, na barra da Redinha, está mais preso ao local. Com uma agravante: a embarcação está inclinada cerca de 10 graus para o lado direito e com danos na superfície.

Ontem, uma nova tentativa de retirada da embarcação seria realizada no início da manhã, mas foi abortada por “motivos operacionais”, segundo informou a empresa Bandeirantes Construções e Dragagens, responsável pela La Belle. Além disso, a Capitania dos Portos, que acompanha as tentativas de desencalhe, suspendeu as próximas ações, devido a alguns danos que a embarcação já apresenta. A draga deverá passar por reparos para que mais uma tentativa possa ser feita.

Desde o dia 2 de agosto, que a empresa Bandeirantes tenta, sem sucesso retirar a draga da barra da Redinha. Inicialmente, afirmou-se que seria necessário uma maré alta – com mais de dois metros – para que a embarcação pudesse ser puxada pelos rebocadores. No entanto, mesmo com o nível do mar acima dos 2,30 m, como ocorreu neste final de semana, foi possível a retirada.
Às 5h56 da manhã de ontem, uma nova tentativa de desencalhe estava agendada pela Bandeirantes. No entanto, ela foi abortada e a Capitania dos Portos suspendeu qualquer nova ação.


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De qualquer forma, mesmo que a Capitania não tivesse vetado novas tentativas, uma operação bem sucedida seria difícil de acontecer nos próximos 14 dias, devido ao nível da maré alta. “Maré cheia temos duas vezes por dia, mas com condições propícias como as de hoje (ontem), só teremos daqui a duas semanas”, afirmou o diretor-presidente da Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern), Emerson Fernandes.

O diretor-presidente reafirmou que as obras de dragagem no rio Potengi não devem sofrer prejuízos com o encalhe da draga. “Já está previsto a vinda de uma outra embarcação, quatro vezes maior que a draga La Belle, chamada Copacabana, se não me engano. Ela deve chegar no final do mês não em substituição ao La Belle, mas sim para complementar o trabalho feito por ela”, afirmou Emerson Fernandes. Para que a draga maior chegue a Natal, no entanto, ainda será feita uma análise para saber se o rio Potengi já poderá receber uma embarcação de tamanho tão superior sem risco de encalhe.

Família acorda cedo para ver tentativa de desencalhe
O casal Maria de Lurdes Ferreira, doméstica, e Aldo Ribeiro, motorista, acordou com o dia ainda escuro ontem para atender à vontade dos netos Guilherme e Gustavo, gêmeos, de três anos. Eles queriam ver o navio-draga La Belle de perto, antes que ele fosse desencalhado da barra da Redinha. “Acordamos cedinho para chegar aqui às 5h30 e ver o navio”, afirmou a doméstica. As duas crianças, apesar do frio e do sono, ainda demonstravam animação em ver o navio, mas perceberam logo que a tentativa marcada para ocorrer às 5h56, não aconteceria. “Eles não vem ‘empurrar’ ela”, falou o jovem Gustavo.

Às 6h40, já cientes de que a tentativa não mais aconteceria, a família foi embora. “Vamos indo, o sol já está forte. Queria mostrar o navio sendo desencalhado, mas isso não vai ser agora”, afirmou Maria de Lurdes, ao deixar o trapiche da Redinha. Aproximadamente 20 pessoas estiveram no local no início da manhã de ontem para ver a operação.


Cronologia
Histórico da Draga na Barra da Redinha
• 8 de maio de 2010: A draga francesa La Belle chega ao Porto de Natal e fica aguardando a nacionalização. A embarcação, especializada em dragagem de rios e oceanos, havia sido contratada pela Bandeirante Dragagens – vencedora do certame para a realização da dragagem do rio Potengi. A empresa aguarda apenas a ordem de serviço para começar a obra.
•1º de junho: O diretor-presidente da Codern, Emerson Fernandes, assina a ordem de serviço para o início da dragagem de aprofundamento do canal do rio Potengi. A obra visa ampliar a profundidade do canal de acesso ao Porto de Natal dos atuais 10m para 12,5m. A obra influencia diretamente na economia do Estado, vez que o porto poderá receber navios maiores e operar com um calado compatível com as expectativas do mercado. A obra está orçada em R$ 34,4 milhões e tem previsão para ser concluída em seis meses.
•2 de agosto: A La Belle encalha na pedra da Baixinha, na entrada da barra, próximo à Guia de Corrente no leito da praia da Redinha. Uma tentativa de puxar a draga ocorre logo em seguida ao encalhe, para evitar que a situação fosse agravada. A primeira tentativa real de desencalhe é feita na noite do mesmo dia, mas é suspensa devido à insegurança que uma ação como essa, sem iluminação poderia provocar.
•Manhã de 4 de agosto: Ocorre a segunda tentativa de desencalhe do navio-draga La Belle. Dois rebocadores participaram, sem êxito, da ação.
•Tarde de 4 de agosto: A empresa Bandeirantes e a Capitania dos Portos decidem que uma nova tentativa de desencalhe da draga será realizada somente no sábado, 7. Nesse dia, a maré alta, com mais de 2 metros, facilitaria o desencalhe.
•5 de agosto: Bandeirantes coloca uma barreira de contenção para evitar que os 40 mil litros de óleo vazem da embarcação e contaminem as águas potiguares.
•6 de agosto: A empresa responsável pela draga começa a retirar os 40 mil litros de óleo para facilitar a operação do desencalhe e evitar uma contaminação das águas potiguares.
•7 de agosto: A operação para desencalhe do Navio La Belle é transferida para o domingo, 8. Não houve tempo hábil para que todos os 40 mil litros de óleo fossem retirados.
•8 de agosto: Operação para desencalhe é novamente adiada. O motivo é o atraso de um dos três rebocadores que seriam utilizados. Ele saiu de Guamaré por volta das 4h da madrugada, em direção a Natal, no entanto, não chegou à Redinha em tempo de “pegar” a maré cheia.
•9 de agosto: A tentativa de desencalhe do navio-draga “La Belle” é novamente frustrada. Os dois rebocadores, um dos quais – o Biraja -, pertencente à empresa baiana Sulnorte e que chegou por volta das 5 horas do dia anterior, de Salvador, não conseguiram retirar a embarcação do local.
•11 de agosto: O rompimento do cabo de amarração do rebocador Bourbon Liberty 218 ao navio-draga La Belle, frustrou, mais uma vez, a tentativa de resgate da embarcação. O incidente ocorreu às 17h20, justamente quando faltavam dez minutos para a maré alcançar a altura máxima do dia – 2,50 metros.
•12 de agosto: Nova tentativa de desencalhe é marcada para às 5h56 da manhã, quando a maré alta, segundo a previsão, estaria com ondas de 2,50 metros. No entanto, a tentativa não ocorre. Empresa afirma que tentativa é abortada devido a problemas operacionais.

Fonte: Tribuna do Norte (RN) Natal






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