EEP mantém previsão de conclusão das obras e já conta com o Cais I, concluído antes do prazo - Com ritmo acelerado das obras, o Estaleiro Enseada do Paraguaçu (EEP) deve ser inaugurado em março de 2015, conforme cronograma estipulado inicialmente. É o tempo necessário para que a construção do dique seco seja concluída. Em fevereiro, o Cais I foi entregue 20 dias antes do previsto, após um ano e nove meses de trabalho. Isso permitiu a atracação de navios com até 210 metros de comprimento com equipamentos que ajudarão a acelerar as obras do Cais II e III e também com a fabricação de seis navios-sonda contratados pela Sete Brasil. Com a entrega do Cais I, o estaleiro atingiu o estágio de 50% das obras concluídas. A planta já se encontra parcialmente em operação, construindo as seis embarcações da Sete Brasil que serão usadas na exploração do petróleo no pré-sal.
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O EEP está sendo construído em Maragojipe (BA), em uma área de 1,6 milhão de metros quadrados, na qual 25% (ou 400 mil metros quadrados) são destinadas a proteção ambiental. Fruto de investimentos privados na ordem de R$ 2,6 bilhões, a unidade foi projetada para desenvolver projetos de engenharia naval e processar até 36 mil toneladas de aço por ano, trabalhando em um único turno — o que permitirá uma ampla margem de aumento de produção, caso a companhia amplie o número de turnos de trabalho dos funcionários.
Quando o estaleiro estiver operando a plena capacidade, poderá construir simultaneamente navios-sonda e embarcações especializadas como PLSV (Pipe Laying Support Vessel), MPSV (Multi-Purpose Support Vessel ) e CSV (Construction Support Vessels). A unidade também poderá atuar na construção e conversão de plataformas fixas e flutuantes (além da construção e integração de seus módulos) e reparo naval.
Segundo Guilherme Guaragna, vice-presidente da empresa Enseada Indústria Naval, a antecipação da entrega do Cais I foi possível graças aos esforços da equipe de funcionários e ao know-how das empresas de construção civil que formam a Enseada, como a Odebrecht, OAS, UTC (que juntas têm 70% de participação do EEP), além da multinacional japonesa fabricante de equipamentos de transporte Kawasaki Heavy Industries (KHI, com 30% do total). “Nossos acionistas possuem uma larga experiência em construção civil e a KHI tem um estaleiro muito parecido com o nosso. Tudo isso nos ajudou a planejar quando o estaleiro Enseada vai estar pronto e entrar em plena operação”, explica.
— Temos um cronograma muito bem definido e estamos trabalhando para antecipar a entrada do estaleiro em operação plena. Isso é possível por causa da curva do aprendizado que houve com a construção do Cais I, cujas técnicas serão replicadas nas obras do Cais II e III — diz. Hoje, o fator de maior preocupação é a chuva.
O vice-presidente conta que atualmente a região sofre com o maior nível de precipitação dos últimos cinco anos. “Está chovendo cerca de 30% a 40% a mais do que a média histórica. Isso afeta a produtividade das equipes. A chuva é o fator imprevisível dessa obra, que já tem o projeto-executivo definido, conta com funcionários competentes, equipamentos comprados e mobilizados.”
Além de inaugurar o Cais I, o EEP recebeu, também em fevereiro, a sua primeira embarcação, diretamente de Mokpo, na Coreia do Sul. Ela trouxe a primeira das dez partes do guindaste Goliath, da multinacional Konecranes Finland Corporate. Segundo o cronograma da companhia, o guindaste deverá estar completamente montado em agosto deste ano e, com 150 metros, será o mais alto do país.
Pesando sete mil toneladas, o Goliath tem capacidade de içar cargas até 1,8 mil toneladas. Ele é capaz de montar megablocos e consegue erguer a torre de perfuração dos navios-sonda de uma só vez. O equipamento atuará em conjunto com um guindaste de lança sobre trilhos, também da Konecranes.
— A capacidade de carga do guindaste é fundamental para a velocidade de montagem das embarcações. Para se ter uma ideia, um navio-sonda tem cerca de 16 a 17 mil toneladas . Por isso, o Goliath será fundamental para a competitividade do estaleiro. Ele consegue montar um navio içando apenas 10 megablocos”, explica o executivo. Segundo Guaragna, o uso do Goliath trará uma economia de horas na utilização do dique seco na faixa de 20% a 25% à EEP, o que é fundamental para a economia de um estaleiro.
No início deste ano, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou financiamento no valor de aproximadamente de R$ 8,8 bilhões para a Sete Brasil. Esse valor é destinado a apoiar a construção de nove sondas de perfuração offshore – sendo sete do tipo navio-sonda e duas do tipo semissubmersível. Segundo o BNDES, todas as nove sondas serão entregues nos próximos dois anos.
O banco acredita que, ao conceder o financiamento à Sete Brasil, está dando suporte a um player nacional que passará a ser um dos principais afretadores de sondas de águas ultraprofundas da Petrobras. “O início da produção nacional deste tipo de equipamento traz uma série de externalidades positivas, como a geração de empregos de qualidade em estaleiros brasileiros e acesso à tecnologia de construção de sondas através de parcerias com grandes players internacionais do setor”, informa o BNDES em seu site.
A Sete Brasil está atualmente investindo US$ 25 bilhões na construção de 29 sondas em cinco estaleiros brasileiros: EEP, Jurong Aracruz (ES), Estaleiro Atlântico Sul (PE), BrasFels (RJ) e Estaleiro Rio Grande (RS). Do total de 29 sondas, 28 já foram contratadas pela Petrobras para atuar na exploração das reservas do pré-sal. O financiamento adquirido no início do ano é o primeiro da companhia junto ao BNDES. O contrato entre o EEP e a Sete Brasil para a construção dos seis navios-sonda é de US$ 4,8 bilhões.
Ao todo, as obras do Estaleiro Enseada Paraguaçu empregam 17 mil pessoas diretamente e indiretamente. Para atender à própria demanda, o EEP implantou programas de capacitação profissional na área de construção naval por meio de parcerias com o governo estadual da Bahia, com o Senai e o Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp).
— O volume de pessoas envolvidas na obra exigiu que criássemos um programa intensivo de formação de mão de obra, oferecendo programa de qualificação aos moradores de São Roque e Maragogipe. Tínhamos necessidade intensa de pedreiros, eletricistas, carpinteiros, dentre outras funções — explica Guilherme Guaragna. Ao invés de importar mão de obra de outras regiões, o EEP preferiu investir nos moradores da localidade.
Além do programa de qualificação, o EEP tem o projeto de transferência de tecnologia junto à KHI. Em um futuro próximo, 100 funcionários irão ao Japão se familiarizar com a tecnologia da Kawasaki. A proposta do EEP é que eles trabalhem em território nacional como multiplicadores da tecnologia da companhia japonesa.
Em um terceiro momento, a empresa quer agrupar uma equipe de engenheiros sênior especializada em lidar com projetos de engenharia nacional, que é basicamente engenharia da Petrobras. “O estaleiro é um projeto desafiador, mas estamos satisfeitos. Estamos buscando bons resultados”, conclui Guaragna.