Pensei em fazer um retrospecto do ano que passou. Afinal muitas coisas aconteceram em Itapoá, algumas boas, outras nem tanto. Desisti, pois pensando melhor o que fizemos, bem ou mal, está feito.
Importante é refletir sobre o que foi feito, aquilo que deveria ou poderia ser feito e o que poderá ser feito. Coisas a ver com escolhas, porque é delas que surge o futuro.
Mas, ano sai, ano entra, e um assunto não muda: o que será do litoral? E na medida em que vai correndo a curta temporada surge àquela velha história sobre sazonalidade que, trocando em miúdos, nada mais é que verão abarrotado de gente e o resto do ano às moscas.
Itapoá, a rigor, resolveu essa questão. Acolheu um empreendimento para movimentar a economia do município durante o ano todo, especialmente na baixa temporada. Um terminal portuário que começou a funcionar em 2011. Em função dele, várias empresas, especialmente as de logística e movimentação de cargas estão se instalando na área retroportuária. Outras, voltadas a serviços complementares, gradativamente estão chegando.
Itapoá acelerou o crescimento. O mercado imobiliário agitou-se como nunca. Faltaram imóveis para alugar e os terrenos valorizaram rapidamente. Os restaurantes, supermercados e o comércio em geral apresentaram movimento incomum na baixa temporada. A construção civil seguiu a todo vapor. A queixa no meio produtivo é a falta de mão de obra em todos os segmentos e por aí afora. Segundo o senso, Itapoá foi um dos municípios que mais cresceu em Santa Catarina. Há até quem pense em estimular ainda mais esse crescimento, criando incentivos fiscais para atrair indústrias e empresas para gerar mais empregos.
Crescer, sem dúvida é muito bom. Faz parte da natureza empreendedora do homem. Porém, nem sempre “crescimento” proporciona “desenvolvimento”. Geralmente concentra os resultados econômicos em poucas pessoas e transfere os custos sociais e ambientais para a maioria da população. Uma troca no mínimo desigual.
Ao contrário do acontecido na atividade portuária, pouco, mas muito pouco mesmo, tem sido investido no segmento do turismo. E não é de hoje que muito se fala para o pouco que se faz. Fato preocupante, pois, antes mesmo da alternativa portuária a demanda das pessoas se fez presente na incontestável vocação turística de Itapoá, amparada no seu excepcional patrimônio natural. Patrimônio que rapidamente, está sendo degradado, a exemplo da erosão nas praias e da irresponsável, desmedida e incontrolada supressão da cobertura vegetal do município.
Exemplo da falta de comprometimento com o turismo é o insignificante resultado do projeto Costa do Encanto, bandeira empunhada em diversas campanhas eleitorais como endosso as promessas de “desenvolvimento sustentado”. Concebido há mais de década, por sua característica estruturante, teve o apoio unanime em toda a região. Entretanto, praticamente nada foi feito e permanece adormecido nos braços dos gestores públicos, quem sabe esperando futuras eleições. Em que pese às tantas “promessas”, Itapoá continua no fim da linha, isolada de Joinville e São Francisco do Sul.
A sazonalidade, em princípio está resolvida. O porto proporcionará a desejada atividade permanente. Os resultados positivos serão transformados nos impostos para serem aplicados em investimentos que proporcionem qualidade de vida para toda a população com desenvolvimento social e ambientalmente adequado. É a expectativa de muita gente.
Porém não pode ser a única alternativa. Não é prudente para Itapoá ficar na dependência de uma única atividade. O turismo continua sendo a vocação da cidade e não pode ser relegado em segundo plano, pois também proporcionou desenvolvimento econômico e social. Tanto quanto a atividade portuária atualmente.
O novo ano servirá de cenário para novas escolhas. Das eleições municipais para prefeitos e vereadores. Da escolha de pessoas, conhecidas pelo que fazem, fizeram e poderão fazer. Serão elas, depois de escolhidas, as responsáveis por mudanças que representem os desejos da maioria.
Portanto, se for entendimento a necessidade de equilíbrio no desenvolvimento de Itapoá, a próxima escolha não deverá basear-se nas costumeiras “promessas de campanha”, pontuais e desconectadas. Mas em propostas e compromissos viáveis, seguidos, principalmente, de ações práticas coerentes com o interesse público. Passou o tempo em que se dava ouvidos aos discursos de ocasião deixando as coisas rolar a mercê de interesses manipulados por poucos.
Fonte:Correio do Litoral
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