Roberto Lopes, diretor de Investimentos e Operações da Logz Logística Brasil S/A, considera que, por mais modernos e eficientes que sejam, os terminais portuários não são empreendimentos autônomos capazes de cumprir a sua importante função de forma isolada, imunes a eventuais gargalos existentes nos demais segmentos da infra-estrutura e às possíveis adversidades do ambiente econômico.
Diz: “Isso significa que os portos precisam estar inseridos num contexto em que os demais modais de transporte estejam igualmente operando de forma eficiente – e plenamente integrados – sob o risco de todo o sistema ficar comprometido”. Segundo ele, há problemas, desde mão-de-obra e incertezas embutidas nos novos contratos de adesão.
Ele chama a atenção para os canais: “Um forte gargalo que poderá impedir a desejável propagação de sua eficiência para o restante da economia diz respeito aos canais marítimos de acesso, cujas obras de dragagem – sejam regulares ou emergenciais – não estão sendo feitas com a rapidez necessária. O problema merece ser atacado pelo governo como prioridade número um do setor. Canais obstruídos ou com calado (profundidade) insuficiente limitam a navegação dos navios maiores impedindo assim que os terminais, sobre tudo os mais modernos, utilizem todo o seu potencial.”
“Além disso”, continua, “essas obstruções provocam atrasos nas operações de embarque e desembarque, aumentando os custos para toda a cadeia logística, que perde competitividade no comércio global. De forma objetiva, destacamos que cada um centímetro imerso de um navio equivale a possibilidade de carregamento da ordem de 100 toneladas, ou o equivalente a cinco contêineres cheios, com 20 toneladas de carga.
Em seguida, foca o maior porto do país: “Em Santos, a redução do calado de 13,2 metros para 12,3 metros, devido ao assoreamento, gera uma perda por navio operado da ordem 9 mil toneladas ou 450 contêineres. Trata-se de uma perda de escala inadmissível para a nossa economia”. E conclui: “Problemas semelhantes se repetem em outros portos brasileiros. O governo precisa acelerar essas obras e garantir a sua regularidade. Do contrário, grande parte dos investimentos, sobre tudo nos novos terminais, terá sido em vão”. Fica o alerta.
Fonte:Monitor Mercantil/Sergio Barreto Mottta
PUBLICIDADE